Sobre a Generosidade
Generosidade não é simplesmente dar restos, coisas não nos servem mais, coisas sem valor. Generosidade vai muito além de uma doação ocasional para aliviar a consciência ou buscar reconhecimento.
A generosidade é o antídoto para egoísmo, ciúme, inveja, mesquinhez. Generosidade é compartilhamento, é uma expressão de solidariedade que não espera recompensas ou benefícios diretos. Seu verdadeiro benefício é um coração tranquilo e a alegria.
Generosidade não se restringe a bens materiais, engloba o sacrifício, a atenção ao próximo e a capacidade de colocar as necessidades dos outros acima das próprias.
Generosidade e desapego caminham juntos. Onde há apego existe uma ligação a algo – seja um objeto físico, ideia ou emoção negativa. O desapego, por outro lado, é a libertação desses laços, permitindo uma vida mais simples e leve.
Estar preso ao passado gera expectativas, medos e preocupações. Renunciar ao apego, por outro lado, traz uma sensação de liberdade e simplicidade. A verdadeira satisfação não está em realizar desejos, mas em ter a coragem de renunciar a eles.
A generosidade autêntica vem do coração. O apego a coisas materiais, títulos, autoimagem, impede o autoconhecimento e a mudança. A dependência de coisas externas indica inconsciência e falta de autoconhecimento.
Independentemente de status social ou financeiro, todos temos a possibilidade de contribuir de alguma forma. Seja através de doações monetárias, atenção, voluntariado, ensinamentos ou orações, a compaixão pode alcançar a todos.
O cerne da questão não é a magnitude da oferta, mas aplicação dos talentos e capacidades que cada um possui. A caridade não é uma ação única ou específica; ela se manifesta de inúmeras formas, dependendo das habilidades e circunstâncias de cada indivíduo.
Muitas vezes, costumamos gastar apenas com as pessoas da família, pessoas mais próximas, que temos maior afinidade. Quanto doamos para outras pessoas? Praticamente nada?
Não reconhecemos que os outros podem precisar da nossa ajuda, pois, fechados em nosso próprio mundo, estamos sempre ocupados com nossos próprios problemas, nossas próprias dores. Passamos a maior a vida muito voltados para nós mesmos.
A generosidade pode nos libertar desse autocentramento, permitindo que saiamos um pouco de dentro de nós mesmos, indo em direção dos outros, construindo uma realidade mais aberta aos outros, mais voltado para a generosidade, a bondade, a compaixão, o serviço desinteressado.
Por Fabio Balota