Vontade, Concentração, Foco e Disciplina
O tema vontade, concentração, foco e disciplina tem muita relação com outros temas e é muito importante fazermos conexões.
O foco é o nosso objetivo, é para onde direcionaremos os nossos esforços. Se não soubermos onde queremos chegar, gastaremos todos os recursos, não chegaremos a lugar nenhum e acabaremos frustrados.
Para alcançarmos qualquer objetivo precisamos de clareza. É ela quem traz a percepção da importância. Ao criarmos uma meta muito grande, ou um objetivo abstrato e fantasioso, nos sentimos pequenos diante deles e achamos que é impossível alcançá-los.
Também precisamos de autoconfiança, que vem da percepção real de si mesmo, dos pontos fortes e fracos. Cada um realiza o que é capaz e está onde sua capacidade o coloca. A frustração vem da ilusão sobre nós mesmos e sobre a realidade.
Sem objetivos claros, a cada desejo mudamos o foco, se não conseguirmos manter um foco nunca alcançaremos nossos objetivos. Quando não temos critérios de avaliação, tudo tem o mesmo valor, qualquer coisa que surgir nós vamos querer fazer.
Se tivermos um objetivo claro, conforme os desejos forem surgindo no dia a dia, nós perceberemos que estão fora do nosso foco e assim podemos abandoná-los facilmente. Os desejos, a busca de prazeres instantâneos, momentâneos, são grandes sabotadores dos nossos objetivos.
Podemos e devemos fazer planos, mas precisamos ser flexíveis, estar abertos à possibilidade do plano dar errado, de precisar corrigir o plano a qualquer momento, pois precisamos nos adequar conforme aprendemos.
A resistência é um dos grandes obstáculos para alcançar nossos objetivos e ela se disfarça de muitas formas, como medo, preguiça. Resistência é autossabotagem, autoboicote.
Em geral, queremos um monte de coisas e não queremos renunciar a nada. Temos múltiplos desejos e precisamos renunciar uns para alcançar outros, tudo depende de nossas prioridades, da clareza que temos de nossos objetivos.
Muitos acreditam que liberdade seja poder fazer o que se quiser a qualquer momento. Mas liberdade é um estado interior, é ser capaz de escolher com tranquilidade, sem atormentar-se.
Uma pessoa conduzida por impulsos é uma pessoa dominada pelas paixões, e é uma pessoa de vontade fraca, de baixo nível de consciência.
A vontade e a razão nos movem, somos nós que decidimos nos entregar às paixões, aos desejos, aos impulsos. A procrastinação, que é o costume de jogar para frente, de deixar sempre para depois o que precisa ser feito, é um efeito disso. Mas a deixamos de lado quando fazemos planos, quando colocamos foco em algo.
Uma decisão é uma decisão de fato quando se torna uma atitude, uma ação. As decisões verdadeiras são seguidas de ação.
E nós sempre temos que fazer escolhas, não escolher é uma escolha. O importante é entendermos quais são as bases de nossas escolhas. Se escolhemos conforme as situações surgem, então somos levados pelas situações, pela vida.
Se não tivermos nossos objetivos, estaremos trabalhando para realizar os sonhos, objetivos, ideais dos outros.
Para manter o foco também é preciso disciplina. Ela é um ato de vontade. É seguir o objetivo, que depende de decisões e escolhas. Disciplina é assumir a responsabilidade, sem culpar os outros, sem justificar-se.
Um fator importante da disciplina é aprender a dizer não. Precisamos saber quanto temos de margem e flexibilidade no nosso plano para fazermos alguma coisa, ou o quanto nós vamos nos prejudicar.
Estudiosos dizem que o importante deveria ocupar 70% do nosso tempo. Assim, se entre o circunstancial e o urgente gastarmos mais de 30% de nosso tempo, nossa produtividade será baixa.
Uma coisa urgente é aquela que precisa ser feita agora, e muitas vezes acontece porque o que era importante foi negligenciado. O circunstancial é um fato que não precisa ser resolvido agora.
Precisamos ainda identificar quais são os vilões que drenam a nossa energia, o nosso tempo. Se não estivermos atentos, conscientes, observando, refletindo, seremos facilmente levados, manipulados.
As distrações nos tiram do objetivo, do foco, então precisamos desenvolver concentração por meio de treino, de meditação, pois todo o nosso sucesso depende de foco.
Um aspecto importante da meditação é a visualização. Nesta técnica utilizamos a imaginação e a flexibilidade da mente para nos visualizarmos fazendo as coisas, para sentirmos o que vai acontecer se der certo ou se der errado.
Assim podemos nos antecipar aos pensamentos e sentimentos negativos, boicotes, resistências, refletindo sobre tudo que pode nos atrapalhar ou impedir de alcançar um objetivo. Fazer planos é visualizar.
Quando um objetivo se torna um propósito então passa a ser especial, é algo que sentimos que realmente queremos, por isso colocamos a nossa vontade.
É pela força da vontade que vencemos nossas paixões inferiores. Ela é uma força que está relacionada com o íntimo, com a consciência, com a ética transcendente, com os valores da alma, objetivos de vida, ideais.
A intenção e a vontade, ligadas às visualizações, vão nos auxiliar no desenvolvimento. A instrução nos abre para possibilidades. Temos um objetivo, mas, conforme nos instruímos, esses objetivos transformam-se e as possibilidades se expandem. Maestria é a capacidade de realizar alguma coisa, e para desenvolvermos a maestria nós precisamos de instrução.
Se quisermos alcançar a maestria, precisamos estar dispostos a superar os nossos limites. Temos que dar um passo além, superar-nos. Ao mesmo tempo, precisamos aprender a respeitar esses limites.
São Francisco de Assis fala: “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.”