Temperamentos Humanos
Como todo planeta se constitui pelos elementos da natureza – terra, água, fogo e ar –, nosso corpo também é formado por esses quatro elementos, tanto o corpo físico quanto os demais, como o etérico, o mental e o emocional. A predominância dos elementos, no entanto, varia a depender de cada corpo: no físico prepondera o elemento terra, já no emocional, o elemento água. Nossa identificação com um elemento ou outro é o que define o nosso temperamento.
Entre os diferentes motivos para estudar os temperamentos, destacamos aqui quatro deles: a capacidade de reconhecer as causas das nossas doenças, de harmonizar a nossa natureza, de nos relacionarmos melhor com os outros e de nos desenvolvermos melhor. Em primeiro lugar, é importante entender que a causa de nossas doenças é o desequilíbrio dos quatro elementos. Assim, ao reconhecer qual deles está em falta ou em excesso, identificamos também a razão de nossa enfermidade. Em segundo lugar, ao conhecermos as qualidades e defeitos associados ao elemento mais presente em nós, sabemos onde precisamos melhorar, conseguindo, assim, harmonizar nossa natureza. Em terceiro lugar, ao investigar o temperamento existente em nós e nos outros, conseguimos evitar conflitos e, assim, nos relacionar melhor com as pessoas. Por fim, ao saber qual é o nosso elemento, conseguimos saber em qual ambiente nos desenvolvemos melhor – se em um ambiente mais tranquilo ou mais enérgico, por exemplo.
Ao longo dos séculos, filósofos e psicólogos definiram padrões comuns de comportamento nos quais as pessoas se encaixavam. Com base na teoria de Hipócrates, o filósofo Galeno os classificou em quatro: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático. Pai da medicina, Hipócrates afirmava que nosso temperamento dependia dos humores do corpo, relacionando-os com quatro partes biológicas: bílis amarela, bílis preta, fleuma e sangue. Da bílis amarela, temos os coléricos, pessoas enérgicas e rápidas, relacionadas com o fogo. Da bílis preta, os melancólicos, indivíduos introspectivos, associados à terra. Da fleuma, os fleumáticos, pessoas metódicas, relacionadas com a água. Do sangue, por fim, os sanguíneos, indivíduos alegres e otimistas, associados ao ar. Em síntese, temos quatro tipos fisiológicos – sanguíneo, fleumático, colérico e melancólico –, ligados a quatro elementos – ar, água, fogo e terra –, que, por sua vez, se ligam a quatro qualidades – quente, úmido, seco e frio – e a quatro estações do ano – primavera, verão, outono e inverno.
Uma vez definidos os quatro temperamentos, podemos estudar cada um deles. A pessoa colérica, quando criança, gosta de correr e brincar. Alimenta-se da competição, por isso, deve ser ensinada desde cedo a trabalhar esse sentimento para focá-lo nas coisas devidas. Ativos e energéticos, os coléricos têm prazer em ver tudo rapidamente concluído. Com propensão inata à liderança, são impacientes com os ignorantes e com aqueles que divergem de suas opiniões. Não toleram as falhas dos outros. Pragmáticos e destemidos, gostam de desafios, impondo a si mesmos tarefas difíceis. A vida comum não é para eles. Baixos, entroncados e eretos fisicamente, têm os gestos breves, seguros, a postura firme e a fala vigorosa e enfática. Devido à sua natureza de liderança, tendem a profissões de comando: militares, arquitetos, cirurgiões e superintendentes.
Por outro lado, o sanguíneo, quando criança, gosta de jogos e poesia. Deve ser educado de modo a ter seu interesse estimulado de forma contínua. Faladores e tagarelas, esses indivíduos dominam a retórica e a eloquência. Curiosos, desejam saber de tudo. São também muito volúveis, apresentando ânimo e interesse vacilantes. Em relação à aparência, apresentam postura elegante e harmoniosa. No mercado de trabalho, tendem a escolher profissões que lidam com pessoas, como prestadores de serviços, trabalhadores sociais e artistas.
Já o fleumático, quando criança, gosta de comer e dormir com disciplina. Para que não se tornem lentos, é importante lhes atribuir deveres desde cedo. Calmos e objetivos, pessoas assim tendem à introspecção. Embora reservados, são socialmente amigáveis, gentis, atenciosos e prestativos, além de leais, honestos e confiáveis. Disciplinados e organizados, gostam de rotinas bem estabelecidas. Fisicamente, costumam ser soltos e desengonçados. Por conta de sua natureza disciplinada, costumam escolher profissões nas áreas do magistério, administração e pesquisa.
Por fim, a pessoa melancólica, na primeira idade, desenvolve hábitos isolados. Deve ser tratada com simpatia e firmeza para que seja bem estimulada. Quietos e introspectivos, os melancólicos, sempre centrados em si mesmos, aparentam estar distantes do mundo. Além disso, são rancorosos e sentem pena de si mesmos. São observadores, filósofos e intelectuais. Em relação ao aspecto, são lentos, abatidos e tristes. Geralmente, escolhem como profissão as áreas da medicina, jardinagem ou artes.