Sobre o Amor
Para entendermos esse texto, é importante saber que existe uma diferença entre amor e paixão. Não podemos confundir o desejo sexual com amizade ou amor verdadeiro, que envolve respeito, compaixão, carinho, atenção, paciência e tolerância.
Algumas pessoas acham que o oposto do amor é o ódio, mas na verdade o amor é um sentimento e a raiva é uma emoção. Amor e raiva podem existir ao mesmo tempo. O verdadeiro oposto do amor é o egocentrismo, ou seja, pensar somente em nós mesmos e não nos outros.
Às vezes, pensamos que amamos alguém apenas porque essa pessoa nos dá coisas ou nos beneficia de alguma forma. Mas isso não é amor verdadeiro, é apenas uma questão de egoísmo e de usar os outros para satisfazer nossas próprias necessidades e prazeres. Esse tipo de amor não é saudável e não nos leva ao verdadeiro amor.
Só estamos dispostos a amar alguém quando essa pessoa nos ama de volta e nos satisfaz de alguma forma. Mas quando isso não acontece, ficamos defensivos e com medo de sofrer. Isso pode acontecer, por exemplo, quando estamos em um relacionamento e queremos mostrar amor em público, mas nos impedimos por medo do que os outros vão pensar. Nesses momentos, nosso ego fala mais alto do que o amor.
Muitos casais costumam querer se beijar ou abraçar por impulso, mas às vezes são impedidos por estarem em público ou por outros motivos. Infelizmente, nesses momentos, nossa autoimagem pode se tornar mais importante do que o amor que queremos expressar. Preocupamo-nos com o que as outras pessoas pensam e temos medo de sermos julgados. Isso pode nos impedir de amar de verdade e de forma desinteressada.
Nós condicionamos nosso amor, muitas vezes esperando reconhecimento e elogios. Nosso ego é frequentemente mais importante do que o amor que estamos dando. Queremos que as pessoas nos amem de volta e nos dêem atenção, e isso muitas vezes torna nosso amor egoísta. Buscamos relacionamentos para preencher nossas próprias carências e necessidades, em vez de compartilhar o amor que já temos.
Esperamos que as pessoas adivinhem o que queremos e supram nossas necessidades. O amor não é algo que possa ser controlado pela mente ou pelos padrões impostos pela sociedade. É um sentimento que pode ser desenvolvido, mas não forçado. Precisamos aprender a distinguir entre viver a vida com consciência e seguir padrões pré-estabelecidos. Se buscarmos o amor de forma desinteressada, podemos encontrar verdadeira felicidade e satisfação.
Podemos medir o amor que alguém tem por nós pela quantidade de atenção que essa pessoa nos dá. Se não percebemos a atenção que recebemos, isso pode significar que estamos tão focados em nós mesmos que não estamos prestando atenção nos outros. Se não conseguimos entender as necessidades e sentimentos de outra pessoa, isso significa que não estamos verdadeiramente amando e nos falta sensibilidade.
Cobramos as pessoas de nos amarem da mesma forma que nós as amamos. O amor pode ser sentido de muitas formas diferentes e depende do tipo de relação e afinidade que temos com cada pessoa. Devemos aceitar nossos próprios sentimentos e os dos outros e deixar as relações acontecerem naturalmente.
O ciúme não faz parte do amor verdadeiro. Quando sentimos ciúme, estamos pensando em possuir a outra pessoa e nos preocupando com nossos próprios desejos e prazeres, em vez de considerar os sentimentos da outra pessoa. O ciúme está ligado à ideia de posse e apego aos objetos de prazer, o que causa medo da perda. Quando ficamos com ciúme de outras pessoas que mostram amor e carinho, isso mostra que estamos mais preocupados com nossos próprios desejos do que com o amor verdadeiro.
O amor verdadeiro nos leva à paz e à liberdade, e nos permite sentir serenidade e tranquilidade. Quando nos apegamos a alguém e sentimos ciúme, estamos confundindo amor com desejo, paixão e instinto. Devemos tentar entender e amar as pessoas de maneira genuína, sem sentir a necessidade de possuí-las ou controlá-las.
Criamos expectativas e condições para amar as pessoas, como “isso pode, aquilo não pode”, “isso é certo, aquilo é errado”. Mas essa lista de condições nunca é suficiente e muitas vezes são coisas que nós mesmos deveríamos cumprir. Nós criamos ilusões sobre relacionamentos, amor, amizade e muitas vezes exageramos e criamos fantasias grandes demais. E quando essas coisas não acontecem, culpamos os outros e ficamos com raiva deles.
Nossa ideia de amor é apenas uma busca desesperada por aceitação, porque não nos aceitamos como somos. Então, usamos as pessoas como objetos para satisfazer nossas necessidades de aceitação, sem respeito algum a elas. E quando somos rejeitados ou traídos, não conseguimos aceitar e ficamos com a autoestima abalada.
Algumas pessoas criam substitutos para compensar a falta de amor, como dar dinheiro, presentes caros e fazer viagens. Mas isso não é amor de verdade.
Nos dias de hoje, os noivos escolhem seus parceiros e muitas vezes brigam por dinheiro, emprego e poder dentro do relacionamento.
O amor verdadeiro só é possível com autoconhecimento. Precisamos estar abertos para descobrir mais sobre o amor, sem nos limitar a definições.
Por Fabio Balota
(2007)