Sobre Desculpas e Justificativas
Tendemos a pensar o melhor de nós mesmo, tendemos a pensar que somos pessoas virtuosas e boas. Quando fazemos algo ruim, tentamos encontrar desculpas, justificativas e explicações para nossas ações, como forma de amenizar o impacto. Isso nos dá uma falsa sensação de paz com nossa consciência.
Por exemplo, podemos achar que fomos rudes com alguém porque essa pessoa estava sendo abusiva ou mal-educada. Na verdade, não queremos admitir que somos grosseiros e vemos a situação como se estivéssemos sendo firmes ou até mesmo bondosos com a pessoa.
Da mesma forma, podemos achar que gritar com alguém é justificável porque precisamos mostrar quem manda ou colocar ordem. No entanto, isso pode ser um sinal de arrogância, prepotência e nervosismo, e podemos estar vendo a situação de forma equivocada, como se estivéssemos sendo responsáveis e organizados.
Quando agredimos alguém, podemos achar que isso é necessário para educá-los ou porque eles precisam nos respeitar. No entanto, essa atitude pode revelar instintos violentos e intolerantes. Tentamos justificar nossas ações, dizendo que é um ato de heroísmo, que é difícil para nós e que até dói mais em nós do que neles. Essas explicações deturpam a verdade e nos impedem de enxergar a situação de forma mais clara.
Outro exemplo é quando passamos no farol vermelho, alegando que já é tarde da noite e não tem nenhum carro por perto. Mas na verdade, podemos estar sendo desrespeitosos e insubordináveis. Tentamos justificar nossa ação dizendo que é um ato de bom senso e que até temos sugestões para melhorar o trânsito.
Quando jogamos lixo na rua, podemos achar que estamos sendo obrigados a isso porque o governo não fornece lixeiras suficientes. No entanto, isso pode ser um sinal de arrogância, preguiça, porquice. Tentamos justificar nossa ação dizendo que estamos fazendo um favor aos varredores de rua e sendo bondosos com os mais necessitados, mas isso não é verdade.
Esses são apenas alguns exemplos de como justificamos nossas atitudes equivocadas, mas essa lista é longa. À medida que repetimos esses comportamentos, eles se tornam hábitos automáticos. Esses hábitos são condicionados pelo nosso passado e pelo tempo, o que nos impede de agir de forma mais consciente e correta perante as situações que enfrentamos. Reagimos de acordo com padrões antigos. Esses comportamentos mostram que somos escravos das atitudes dos outros e das circunstâncias em vez de agirmos com consciência, presença, responsabilidade.
Por Fabio Balota
(2007)