Sobre a Vaidade
Vaidade é uma forma de querer parecer algo que não somos, o que revela insegurança e a necessidade de auto-afirmação.
A vaidade não está apenas relacionada com querer parecer bonito, rico ou elegante, mas também com querer parecer culto, informado, sábio, bondoso, místico, fiel, caridoso, calmo, sereno, tranquilo, justo, honesto, recatado.
É importante observarmos se estamos interessados em ser virtuosos ou apenas parecer virtuosos, pois querer parecer algo que não somos envolve mentira, falsidade, hipocrisia. Não importa o que os outros pensem de nós, o importante é sermos verdadeiros na ação, sem fingirmos ser algo que não somos.
Querer ser visto como humilde é o mais puro orgulho. Quando não estamos certos de sermos algo, buscamos aprovação dos outros. Entender a diferença entre humildade e orgulho é importante para não cair no autoengano de criar uma imagem de virtude.
Aprender a aceitar e respeitar a opinião dos outros, mesmo que sejam críticas, também é de grande importância. Se formos realmente virtuosos, as críticas podem ser uma chance de refinarmos ainda mais nossas virtudes, mesmo que a crítica seja apenas uma projeção. Não devemos ficar ressentidos ou magoados porque alguém que deveria nos considerar humildes nos considera orgulhosos.
Usar algo para compensar nossas inseguranças, vazios e falta de autoafirmação, é uma expressão de vaidade. Por exemplo, podemos querer poder, dinheiro, status ou fama para preencher um sentimento de vazio dentro de nós. Essa busca pelo poder pode ser motivada pelo sentimento de inferioridade e impotência que muitos de nós sentimos.
A vaidade nos faz ter medo do que os outros vão pensar de nós, e nos leva a ficar ansiosos com elogios e críticas. Muitas pessoas se vestem e se produzem para mostrar aos outros e sentem prazer em ser admiradas, ou em fantasiar que estão sendo admiradas.
Algumas pessoas fantasiam que estão sendo observadas e adoradas, e se apegam à sua própria imagem e ao que elas possuem (como roupas, carros, títulos, etc.) para se sentirem valorizadas. Elas querem ser o centro das atenções e adorações dos outros.
A vaidade está relacionada à busca pela fama e popularidade, e algumas pessoas usam os outros como objeto para se satisfazerem. Isso pode acontecer quando queremos nos associar com pessoas famosas ou importantes para nos sentir mais valorizados. No geral, a vaidade nos faz viver em um mundo de ilusões e fantasias, e muitas vezes nos impede de refletir sobre quem somos de verdade.
Quando não sabemos quem somos, sentimos a necessidade de nos afirmar e isso pode levar à vaidade e à inveja. Uma pessoa vaidosa quer aparecer e sente inveja de quem parece ser ou ter mais do que ela. A vaidade é baseada na competição e na humilhação dos outros, o que causa dor, sofrimento, violência, brigas, guerras.
A sensação de ser invejado é reflexo dos nossos próprios sentimentos de inveja e insatisfação. Ou seja, a pessoa vaidosa projeta para os outros sua inveja e insatisfação e sente a sensação de estar sendo invejada, admirada e adorada. A vaidade causa sofrimento direto ou indireto, traz medo, insegurança, autocobrança, incerteza, dúvida, vergonha, timidez, inferioridade, raiva, irritação, ansiedade e preocupação.
Criamos uma ideia sobre nós mesmos, uma fantasia, nos apaixonamos pela nossa criação e tentamos projetá-la para os outros, para o mundo, tentando convencer os demais de que somos como criamos em nossas fantasias. Essa tentativa de projetar uma imagem ocorre através de roupas, acessórios, carros, casas, títulos.
Por exemplo, uma pessoa que se considera intelectual buscará títulos para validar, para comprovar sua intelectualidade. Suas posturas perante os demais são de um intelectual, erudito, informado, ágil no pensamento, sempre carregando livros, revistas, jornais. Sempre procura uma oportunidade para mostrar que sabe das coisas e se vangloriar de seus títulos.
Evidentemente, uma fantasia sobre nós mesmos não passa de fantasia, uma ideia sobre nós mesmos não passa de uma ideia. Sendo assim, é muito fraca, muito frágil.
Quando erramos ou somos criticados, tentamos nos defender, arrumamos justificativas e desculpas para tentar nos afirmar, para tentar convencer a nós mesmos e os outros de nossas fantasias.
A vaidade é, de certa forma, uma tentativa desesperada de projetar ou manter uma autoimagem ou uma fantasia de si mesmo.
A meditação, a reflexão, nos leva a autodescoberta, a compreensão, a percepção de nós mesmos, o que é autoconhecimento. Este é um processo para a vida toda.
Por Fabio Balota
(2007)