Práticas para o Desenvolvimento Espiritual

 

O que nos leva a iniciar uma busca espiritual é quando nossa realidade de vida é desagradável e achamos que deve existir alguma coisa melhor. O desejo de contato com nosso íntimo, com o sagrado, o divino também pode ser um dos motivos. Mas a mudança de percepção das coisas e do mundo, para ter uma vida mais equilibrada e satisfatória, acontece com o tempo, para quem se dedica com paciência e persistência.

Sobre as práticas espirituais no ocidente, vamos abordar mais marcadamente as práticas no cristianismo.

Os Padres do Deserto foram eremitas, ascetas, monges que no século III começaram a se retirar para os desertos e viver em cavernas. Dentro dessas comunidades, um dos mandamentos era o amor ao próximo e o autotransformar-se por meio do amor. Outra prática é o hesicasmo, uma corrente que buscava o silêncio interior e a oração contínua.

Já no Oriente, dentro do budismo e do hinduísmo, há um grande volume de práticas.

Uma das principais práticas no budismo é a da tranquilidade, que cria bases de um desenvolvimento espiritual. Existem muitas práticas de meditação, mas manter a atenção na respiração é uma das principais práticas budistas para trazer a tranquilidade, a estabilidade da mente.

Visualizações também são importantes dentro do budismo, pois é uma forma de criarmos uma realidade. Também temos as práticas do refúgio. Os budistas têm o Buda, o Dharma, que é um ensinamento, e a Sangha, que é a comunidade. Para eles, essa é a joia tríplice: o Buda, ou mestre, o ensinamento confiável e amigos espirituais. Eles olham para isso diariamente e buscam refúgio no Buda, no Dharma e na Sangha, como gratidão, como reverência, como conexão e entrega.

O óctuplo caminho é uma das principais práticas do budismo e pode ser divido em três aspectos: sabedoria, conduta e concentração. Em sabedoria temos visão correta, que é a maneira correta de perceber as coisas, e a intenção correta, que vem com a vontade de desenvolvimento espiritual, de se fazer melhor a cada momento.

Os três aspectos da conduta são: a fala correta, que é a abstenção de mentir, enganar, ferir com a palavra, a ação correta e o viver corretamente, que abrange muitas coisas, como o modo de ganhar a vida correto.

Concentração engloba esforço correto, que é esse empenho de não expressar aspectos negativos de si mesmo e o próprio esforço de manter-se concentrado, a atenção correta, que é manter-se em estado de presença e concentração correta, que significa não gastar as nossas energias com coisas inúteis.

Dentro do budismo, o aspecto do karma é muito vivo também. O monge ou praticante budista sabe que está construindo seu futuro, a sua realidade.

Existe outro aspecto importante, que é o Voto do Bodhisattva, que parece com o tomar refúgio. Somente alguém que abriu o coração, que desenvolveu de fato a compaixão, é que faz esse Voto.

No hinduísmo também existem tradições diferentes. Entre outras coisas, nós encontramos mantras, pranayamas, invocações, louvores, orações, cantos devocionais, japa, pujas, yoga.

Os mantras são palavras de poder combinadas de forma a condensar energias em torno de quem as usa. É o poder do som, do verbo criador.

Ao fazermos um mantra, nos conectamos, por exemplo, com a compaixão para que ela sirva de ponto de atenção. Tentando formular a mente com o conteúdo ou significado, para que possamos nos impregnar dessa vibração e elevar o nosso próprio estado.

Satsanga é o que podemos chamar de reunião com o ser, ou reunião com a comunidade, é esse canto em conjunto, o encontro com a verdade, com o sagrado, com o divino. Puja é uma prática de reverência e adoração a uma ou mais divindades, que envolve oferendas como expressão de gratidão para receber suas bênçãos.

O Pranayama é uma prática comum dentro do hinduísmo e visa, entre outras coisas, essa transmutação de energias. Existe uma série de Pranayamas diferentes, que dependem sempre do objetivo que temos.

As pessoas normalmente tomam o yoga apenas como uma questão de postura, mas ele é bem mais abrangente do que isso, é toda uma filosofia. Os quatro caminhos do yoga contemplam o bhakti yoga, karma yoga, raja yoga e jnana yoga. Bhakti yoga é caminho do amor e da devoção. Karma yoga é o caminho da ação correta. Raja yoga é o caminho da meditação. Jnana yoga é o caminho da sabedoria, que envolve estudo e reflexão sobre os ensinamentos.

Na gnose encontramos a meditação, o canto de mantras, os pranayamas, orações, invocações, auto-observação e várias outras. Um dos aspectos que nós fortalecemos muito entre as práticas gnósticas é a conduta reta, que é a ideia de colocar em prática e vivenciar de fato a espiritualidade, o empenho em melhorar-se a cada momento, auxiliado por esse processo que nós chamamos de trabalho sobre si mesmo, e que no cristianismo é denominado exame de consciência. A meditação é a base do autoconhecimento e da autotransformação. Dentro da conduta reta, temos a educação da mente, do sentimento e das próprias ações, que é a conduta reta e a ação correta dos seus esforços.

A canção de lótus é todo o processo de visualização e de cantos de mantras, que tem como objetivo desenvolver atenção, criatividade, imaginação… Equilibrando energias por trabalhar a concentração. É uma das práticas mais completas para trabalharmos todas as possibilidades internas ao mesmo tempo, de forma harmônica e equilibrada.

A yoga da juventude traz um aspecto de reavivar. Não voltaremos no tempo, mas ficamos com mais vitalidade, mais vigor. A Magia das runas também é uma prática de postura que envolve canto de mantras, é útil para despertar a consciência e para criar em si mesmo qualidades imprescindíveis em uma disciplina esotérica, e até para criar a disciplina em si mesma. Os mantras também fazem parte das práticas gnósticas.

Nessa busca do autodesenvolvimento através das práticas espirituais, a gnose apresenta-se como religião e filosofia com relação ao estudo e a prática, a teoria e vivência.

No sentido de religião, é um exame constante de consciência, buscando com intensidade e com autoperfeição, no sentido de autorrealização, no sentido de sempre melhorar a si mesmo a cada momento.