O Vazio Interior
No íntimo de cada ser humano, há um vazio que muitas vezes tentamos encobrir. Esse vazio, consciente ou inconscientemente sentido, é um aniquilamento, uma sensação de insuficiência que nos impulsiona a buscar incessantemente algo que possa preenchê-lo.
No entanto, no processo de encobrir esse vazio, acabamos por experimentar diversas situações, algumas das quais apenas aprofundam a sensação de solidão.
Para evitar enfrentar esse abismo interior, recorremos a diversos antídotos emocionais: bens materiais, identidades baseadas em nomes, laços familiares, acumulação de conhecimento. Buscamos refúgio em relacionamentos, livros, televisão, internet, jogos, vícios e todo tipo de distração que nos afaste da solidão.
No entanto, é porque evitamos esse vazio que sentimos solidão. Se buscarmos compreender a própria natureza da solidão, buscamos encontrar a felicidade através de coisas, pessoas, símbolos exteriores, então apenas geramos mais infelicidade, mais solidão.
A verdadeira compreensão da solidão não ocorre ao tentarmos preenchê-la com objetos, relacionamentos, mas ao encará-la de frente, sem fugir de sua presença inevitável. A solidão não é um inimigo a ser temido, mas sim um aspecto intrínseco da existência humana.
A fuga do vazio interior muitas vezes resulta em uma busca incessante por distrações externas, mas é nesse momento de confronto que o medo e a solidão podem ser eliminados, que a verdade pode surgir, emergir.
Ao examinarmos o vazio interior de maneira consciente, começamos a perceber que ele não é algo a ser condenado, mas sim algo a ser compreendido. Quando olhamos para ele, então ele se revela, trazendo transformação.
Lidar com a solidão requer coragem para enfrentá-la, coragem para estar em contato com ela, sem se identificar, sem se deixar assustar e consumir por seus aspectos negativos. Em vez de fugir, é necessário abraçar a solidão e permitir que ela seja uma companheira na jornada de autodescoberta.
Ao invés de depender de fatores externos para a felicidade, compreender a solidão nos permite encontrar um contentamento, uma paz interior, independentemente das circunstâncias externas.
Por Fabio Balota