O Karma e sua Superação
A palavra Karma normalmente refere-se à Lei do Karma, ou Lei de Causa e Efeito. O karma é o resultado puro e simples de nossas ações boas e más, de uma maneira simples, efeitos benéficos são resultados de ações benéficas e efeitos ruins são resultados de más ações, más escolhas.
Somos responsáveis também pelo resultado das ações, palavras e pensamentos dos outros que foram influenciados por nós de alguma forma. Geramos karma pela ação ou omissão.
A lei não muda, por isso, conhecendo a lei, podemos aprender a utilizá-la a nosso favor. Para sabermos utilizá-la precisamos entender que leis maiores se sobrepõem às leis menores. A eliminação de algo em nós que esteja gerando dor e sofrimento é a eliminação de uma causa.
Tudo que nos cerca foi gerado, atraído por nós mesmos. O externo é reflexo do interno e o karma se manifesta através da personalidade, cultura, criação, formação, aprendizado.
Temos o costume de culpar os outros pelo que nos acontece interna ou externamente. Achamos que somos vítimas de tudo, não assumimos a responsabilidade por nada. Queremos realizar nossos desejos, mas não queremos as consequências. Precisamos aprender a assumir a responsabilidade, isso é maturidade.
A reclamação, a revolta, só geram mais karma. Se a situação está ruim, precisamos ser pacientes e refletir, buscar em nós o que pode ter gerado ou estar gerando a situação. O externo é reflexo do interno, nos transformando, transformamos a realidade que nos cerca.
O Karma não deve ser entendido como destino, como uma lei fatalista, determinista. Tudo pode mudar, tudo são possibilidades, tendências, sempre podemos escolher. Mas, por tudo que carregamos, por hábitos, condicionamentos, apegos, tendemos a repetir os erros, tendemos a seguir gerando as causas que nos levarão a um resultado. A ignorância, a mecanicidade, faz com que uma possibilidade, uma tendência, efetivamente aconteça.
Não devemos aceitar nada passivamente, se a vida nos impõe restrições, devemos fazer o possível para transformar a situação. Em toda restrição kármica, devemos interferir o quanto pudermos, com vontade, reflexão, discernimento, ação. Não devemos ficar presos no fatalismo, derrotismo ou comodismo, devemos fazer tudo que estiver ao nosso alcance. Precisamos agir sempre, fazer tudo para interferir, mas sem resmungar, sem reclamar.
Normalmente, não antecipamos, não pensamos sobre nossas ações e nos resultados delas em longo prazo. Queremos satisfazer nossos desejos, estamos preocupados com o prazer instantâneo.
Estamos confusos, perdidos, em busca de segurança, em busca de uma fórmula para agirmos. Mas não existe uma fórmula que nos traga segurança para agirmos e que nos leve a uma salvação. Precisamos escolher, decidir, assumir a responsabilidade.
Toda ação tem o seu lado positivo e negativo. Devemos avaliar para quem vai ser o prejuízo, ou para quem vai ser o benefício, qual o melhor a se fazer naquela situação.
Se conseguirmos observar e refletir, buscando entender, extrair alguma sabedoria das situações que chamamos de provações, então aprenderemos alguma coisa. Caso contrário as situações kármicas se repetirão recorrentemente até que o karma se esgote ou até que consigamos aprender o que deveríamos aprender. Estas situações mostram onde estamos fracos, apegados, iludidos.
Também é importante observarmos os laços que criamos e os laços que rompemos com as pessoas. Precisamos escolher nossas companhias, nos cercar de pessoas que nos elevem. Algumas companhias podem nos trazer muita dor e sofrimento, muitos problemas, desvios, influências que nos levem ao erro.
O karma depende da ação que estamos fazendo naquele sentido, então, não adianta fazermos uma ação de uma natureza e esperarmos resultados de outra natureza.
Existem alguns aspectos diferentes de karma. O karma saya é o chamado pecado contra o Espírito Santo, o pecado da fornicação e do adultério. O karma maduro é aquela fração ou aspecto do karma que está pronto para se manifestar. O karma duro é um karma inegociável, ele é resultado de ações negativas de proporções mundiais.
Estamos sujeitos ao nosso próprio karma pessoal, ao karma de nossa família, da cidade, do país, da sociedade em que vivemos.
Pode parecer estranho, mas o karma pode ser negociado. As negociações podem acontecer de forma mais ou menos consciente. Através de nossas ações criamos pactos com a Lei, cada escolha é uma negociação.
Se temos créditos podemos negociar mais facilmente. Se não temos, precisamos gerá-lo. Créditos são os bons karmas acumulados, méritos. Precisamos parar de acumular karma negativo com más ações e começar a acumular bom karma através de boas ações, transformação, devoção.
Se agirmos com misericórdia seremos julgados com misericórdia. Se agirmos compassivamente seremos julgados compassivamente. Se agirmos com diplomacia seremos julgados com diplomacia, ponderação, sensatez, cordialidade.
Karma é ação e reação e não devemos ter medo disso. Sobre o passado não podemos fazer nada além de extrair sabedoria. O erro de ontem se corrige com o acerto de hoje. Aprendemos com o passado e construímos o futuro. Somos livres para gerar as condições, causas. Mas estamos presos aos resultados.
Ignorância e desejo são os maiores geradores de causas kármicas. Conhecimento, sabedoria, vontade, concentração, autocontrole, trazem a possibilidade de prever e controlar os resultados. A vontade e a consciência são as causas mais poderosas para transformação.
Ninguém se desenvolve espiritualmente sem fazer nada. É necessário grande esforço para criar as causas de nosso desenvolvimento. Estas causam são o estudo, reflexões, as práticas, meditações, orações, auto-observação, purificação do coração e da mente, conduta reta, expressão de virtudes.