O Grande Teatro da Vida
Não somos nós mesmos na maior parte do tempo. Em vez disso, representamos papéis em diferentes situações da vida. Quando estamos no trabalho, assumimos o papel de nossos cargos, como gerente ou secretária, e há diferentes matizes desses papéis. Em casa, representamos nossos papéis de marido, esposa, pai, mãe ou filho. Isso também se aplica a outras instituições, como escolas, religiões, política, justiça e polícia, onde as pessoas representam seus papéis, como mestres, guias espirituais e colaboradores da nação.
Normalmente, nos identificamos com os papéis que representamos e nos apegamos a eles como se fossem nós mesmos. Criamos ideais para esses papéis e queremos defendê-los. Quando outros não seguem o script, ficamos chateados e queremos nos vingar. Esses ideais são uma maneira de fugir da realidade e muitas vezes nos impedem de ser espontâneos e agir de acordo com a situação presente.
Nossos medos, experiências e passado podem nos impedir de ser espontâneos e agir de acordo com a situação atual. Baseados em nossas experiências, criamos conceitos e preconceitos que definem como as coisas devem ser, como o gerente ideal ou os pais ideais, e depois tentamos representá-los. No entanto, se pudéssemos ver a nós mesmos como realmente somos, a vida não seria possível para muitos de nós.
Os nossos personagens são moldados por diversos fatores, como a influência dos pais, professores, sociedade e televisão. Essas fontes criam scripts sobre como devemos ser e nos comportar em diversos papéis sociais, desde a maternidade e paternidade até o papel de empregado e empregador. No entanto, é importante que eliminemos esses “tem que” de nossas mentes e nos libertemos do condicionamento imposto pelas outras pessoas e pela sociedade.
Muitas vezes, nos reprimimos e reprimimos os outros porque acreditamos em padrões e ideias erradas. Vivemos nossas vidas em meio a repressões e representações, deixando de lado nossa felicidade e a nossa verdadeira essência. O pior papel que podemos representar é o de nós mesmos, pois muitas vezes exageramos na dramatização, sem perceber que estamos fazendo isso.
Essa representação acontece de forma inconsciente e algumas pessoas acabam fazendo isso de forma intencional, controlando e conduzindo os outros, sem perceber que essas pessoas também podem estar cientes da representação. Quando somos nós mesmos no palco da vida, os outros nos acham estranhos, pois todos esperam que representemos nossos papéis sociais. Podemos acabar sendo retirados da cena se não correspondermos às expectativas dos outros.
No teatro da vida, agimos como crianças brincando de casinha, chorando e ficando bravos quando os outros não agem como esperamos. No entanto, precisamos entrar em contato com nosso verdadeiro eu e perceber que somos algo mais do que apenas papéis sociais. Precisamos nos livrar dos desejos, da autoimagem, da auto importância, do amor próprio, do apego, para que possamos parar de interpretar e começar a ser nós mesmos o tempo todo.
Quando percebemos que nunca poderemos ser outra coisa senão nós mesmos, podemos entender que o ser é indestrutível e sempre será o mesmo, não podendo ser dissolvido ou trocado por outra coisa. O ser nos permite permanecer fiéis a nós mesmos em todas as condições da vida.
Por Fabio Balota
(2007)
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