A Necessidade de Mudar a Forma de Pensar
Vamos começar nossa conversa de hoje à noite. Espero que todos os irmãos prestem a máxima atenção…
Bem, irmãos, em todo caso, é preciso conhecer-se cada vez mais, se realmente queremos alcançar a Autorrealização Íntima do Ser.
Obviamente, precisamos trabalhar, como já disse em minhas palestras anteriores, com o elemento fogo.
O próprio fogo é uma substância que escapou de todas as análises químicas. Os cientistas dizem que “é o produto da combustão”, o que é absolutamente falso; ninguém sabe qual é a natureza do fogo.
Sabemos, por exemplo, que na atmosfera existe Oxigênio e Nitrogênio. Não ignoramos que na água está o H2O, ou seja, o Hidrogênio e o Oxigênio. Tampouco podemos ignorar que o Carbono está na terra, mas qual é realmente a fórmula do elemento fogo? Qualquer homem de ciência nos falaria sobre H2O… que “dois átomos de Hidrogênio e um de Oxigênio”, formam água. Mas vamos fazer o teste com H2O e tentar juntar os átomos de Oxigênio e Hidrogênio, como está na fórmula, em laboratório, para ver se é verdade que resulta em água… Óbvio que não! Por quê? Porque algo está faltando algo! O que? O elemento fogo.
Portanto, a fórmula para H2O está incompleta; isso é óbvio!
É assim que o fogo escapa a todos. Uma simples chama, daquelas que temos ali, na vela, bastaria para incendiar o mundo, e ele permaneceria impassível: não aumentaria um átomo a mais, nem um átomo a menos.
De qualquer uma dessas velas acendemos outra vela, e outra, e outra, e outra, e queimamos um tanque de gasolina… explodimos um tanque de dinamite, e o fogo continua… e queimamos o mundo e a vela, com seu fogo permanece a mesmo. Destemido, como se nada tivesse acontecido.
Que tipo de substância é essa, que zomba dos químicos e faz tantas maravilhas, e ainda assim permanece a mesma, impassível? Verdadeiramente, a substância do fogo é divina.
Agora, para nós, como disse em uma palestra passada, estamos interessados apenas na parte oculta o fogo, a chama da chama, a assinatura astral do fogo, que é o Divino. É o que vemos lá, na Cruz, o INRI: Ignis Natura Renovatur Integra (O Fogo renova incessantemente a Natureza) …
Assim, a libertação do ser humano não é possível fora do fogo. Somente trabalhando com o fogo, poderíamos alcançar a libertação final.
Os Mundos, por exemplo, nada mais são do que granulações do Fohat … Isso é óbvio! A Doutrina que ensinamos é a doutrina do fogo. Os livros que escrevemos foram escritos com brasas acesas, e entre o crepitar incessante das chamas, fizemos chegar o Conhecimento Secreto à Humanidade.
Bem, sabemos que por trás do fogo há maravilhas. Certa vez, um grandioso elemental do fogo foi questionado:
– “O que está além do Fogo?” Ele respondeu:
– “Isso é algo que ignoramos!”. “Deus é um fogo devorador”, diz São Paulo, e assim é!…
Em conversas anteriores, dissemos que havia dois: O Aelohim Incognoscível e o Elohim Cognoscível.
Aelohim é o Ser Incognoscível e Imanifesto, enquanto Elohim é o Exército da Palavra, o Exército da Voz, do Verbo. É como a Estrela Solar, como o Sol Espiritual, o Sagrado Sol Absoluto, que sai das entranhas do Incognoscível.
O Exército do Verbo emana, então, do Sol Sagrado Absoluto, mas o Sol Sagrado Absoluto e o Exército do Verbo são UM, que saiu das entranhas vivas do Incognoscível.
O Exército da Palavra é o Fogo, é o Fohat pluralizado, mas não devemos esquecer que “variedade, a multiplicidade, é unidade”. O Exército da Voz é formado por todos esses milhões de Dhyân-Chohans, criadores do Universo, e todos eles são chamas do Fogo Ardente.
Vejam vocês, quão grande é esse desdobramento de Brahma, essa exibição da Divindade, essa exibição do Grande Fogo Universal. Vejam como do Incognoscível emana o Demiurgo Arquiteto do Universo, que é o Fogo.
Agora, todo esse Exército da Palavra, todo esse Exército dos Dhyan-Chohans, são obviamente, classificados em grupos, de acordo com as ideias cósmicas universais. Eles são números vivos, que criam e voltam, novamente, a criar.
Convém compreender que o Logos, o Demiurgo, o Sol Estelar Espiritual, o Exército da Palavra, brotou, realmente, do seio do Incognoscível e, por sua vez, daquele Logos múltiplo, tal como uma chama composta de muitas chamas, emana Atman, o inefável. Atman é o Íntimo em cada um de nós, nosso Espírito Divino, o Inominável.
Por sua vez, Buddhi emerge de Atman. E quem é Buddhi? Buddhi é a Consciência Superlativa do Ser. Buddhi é Eros, o Fohat Mensageiro dos Deuses.
Nos mundos superiores da consciência cósmica, os Iniciados podem evidenciar o fato concreto de que Atman sempre envia Eros, o Fohat, o Buddhi, a Walkyria, como diríamos na linguagem clássica de Wagner, para realizar certas obras. Então Fohat, ou Buddhi, é o mensageiro de Atman.
A pessoa realmente se enche de êxtase ao compreender o que é a realidade de Eros; espanta-se ao ver as Valquírias dos Mahatmas, trabalhando nos mundos superiores da consciência cósmica, levando mensagens em todos os cantos do Universo.
Mulheres inefáveis de beleza indescritível! As Valquírias trabalham nos Templos, entregando mensagens, e ajudando os Mahatmas. Eles são o Fohat mensageiro, o extraordinário Eros que pulsa em cada um de nós.
O que seria de nós sem Eros? Poderíamos talvez realizar a Grande Obra do Pai? Precisamos de Eros para poder desintegrar os agregados psíquicos desumanos que carregamos dentro de nós.
Assim, a Estrela que se separou do Sagrado Sol Absoluto é o Demiurgo criador do Universo, é a chama da qual saem as sete chamas sagradas. Essa Chama é tripla, mas dela saem as sete chamas, ou seja, da Tripla Chama sai o Eterno Heptaparaparshinok: do Três sai o Sete.
Da mesma forma que nós, com três velas acesas ali, no Altar, podemos acender sete, também o pode, a Chama com três pavios, que é o Logos: o Logos como Santo Afirmar, o Logos como Santo Negar, e o Logos como Santo Conciliar. Dessa Tríplice Chama emerge a Eterna Heptaparaparshinock, as Sete Chamas.
Atman, Buddhi e Atman-Buddhi formam a Mônada divina interior de cada um de nós. Segue-se então o Manas Superior ou Alma Humana, o que temos de humano. Depois vem a Mente, essa que temos para pensar, mas, que infelizmente está presa entre os múltiplos agregados psíquicos que constituem o ego, o eu, o si mesmo. Por isso dizemos que “não temos uma única mente, mas muitas mentes” …
É óbvio que se a substância mental for engarrafada em diferentes frascos, se for enfrascada em muitos eus, então não há mais uma única mente, e sim muitas mentes, infelizmente…
Mas o que se esconde por trás de todas essas mentes é o radical, é o fogo, que seria realmente o quarto fogo, porque o quinto está por trás de todas essas emoções que carregamos, e que no autêntico Iniciado, o tem em seu Corpo Astral. A sexta chama está por trás do princípio da vida: é o Prana, é o fogo como Prana ou Vida. E a sétima chama queima na mesma medula espinhal do asceta gnóstico.
Na verdade, falando do ponto de vista da Anatomia Oculta, diríamos que são Sete Serpentes: dois grupos de três, com a sublime coroação da Sétima Língua de Fogo que nos une com o Uno, com a Lei, com o Pai.
Se Atman recebe verdadeiramente o Princípio Ígneo do Fogo, o Incognoscível, pela mediação do Demiurgo criador do universo, não há dúvida de que tudo está contido em Buddh. Com justa razão nos foi dito que “o Buddhi é como um vidro de alabastro, fino e transparente, através do qual arde a Chama de Prajna”…
No Buddhi, no Eros, na Walquíria , está contida a Donzela, a Bela Helena de Tróia, Atman, o Inefável; mas no final do dia, Atman-Buddhi como Mônada, são radicais…
Em uma palestra passada eu disse que tínhamos que trabalhar com os Sete Radicais, e acho que os irmãos já estão cientes disso, que são os sete aspectos do Fogo em nós, as Sete Línguas de Fogo na anatomia oculta, que emanam diretamente do Arquiteto Divino do Universo. Isso é óbvio e é assim que você tem que entender…
O Ser, em si mesmo Incognoscível, é o fundamental; O fogo emana dele. “Sat” é a seidade e da Seidade emana o Fogo, ou seja, o Arquiteto Demiurgo.
Mas há um ponto sobre o qual quero enfatizar esta noite. Embora seja verdade que o Santo Afirmar, o Santo Negar e o Santo Conciliar, ou seja, o Logos interior de cada um de nós, é radical, é o Buda íntimo de cada um de nós, porque cada um carrega seu Buda Íntimo, mesmo que não o tenha encarnado. Esse Buda Íntimo, por sua vez, emana de Adibuddha e Adibuddha é o Incognoscível.
Individualizando, diríamos que cada um de nós tem seu Adibuddha no Espaço Abstrato Absoluto. Dele emanam nossos Logoi, e do Logoi, por sua vez, emanam os sete aspectos de Fohat, do Fogo.
Quando digo que “você tem que trabalhar com o Fogo”, tudo deve ser bem entendido. Devemos ter um pouco mais de Consciência sobre o que é o Fogo, devemos entendê-lo melhor…
A Mãe Kundalini, da qual tanto falamos, é o Fogo, é o Fohat em nós, em nossa anatomia oculta; é uma variante do nosso próprio Ser, uma derivação de nosso Ser.
Sim, precisamos trabalhar com o Fogo, com ela, porque ela é a portadora do fogo.
Ela, a serpente ígnea, agita-se terrivelmente entre os castiçais do Templo. Essa serpente sagrada dos grandes mistérios é o Fogo que crepita dentro na aura do universo. Só ela pode reduzir a cinzas os agregados psíquicos inumanos que carregamos dentro de nós.
Não é fácil conseguir desintegrar a totalidade dos agregados psíquicos. Pense que esses agregados são processados em sete níveis do Ser.
Há Santos que conseguiram desintegrar agregados de até o quinto e o sexto níveis, porém muito raro é aquele que consegue desintegrar os agregados psíquicos nos sete níveis do Ser.
Acontece que nos níveis posteriores, especialmente no sétimo, tais agregados se tornam terrivelmente sutis e muitas vezes assustadoramente difíceis. Se o Iniciado não for suficientemente compreensivo, poderá falhar na Grande Obra.
Nos níveis superiores do Ser, há coisas que surpreendem: as máximas morais não servem para o Sétimo Nível de Trabalho, nem mesmo para o Sexto. Os códigos de ética são supérfluos, os conceitos que se tinha, baseados em interpretações meramente superficiais das Sagradas Escrituras, são destruídos, etc.
Assim, o Iniciado deve tornar-se independente não só das forças do mal, mas também das forças do bem. Terá que lutar contra os poderes do mal e contra os poderes do bem.
Em última síntese, o bem se torna mal, e muitos aspectos que pareciam mal se tornam bons; e você tem que ir além do bem e do mal, e distinguir o bem do mal e o mal do bem. As estruturas dogmáticas da ética convencional, no fundo, serviriam apenas como pedra de tropeço para aqueles que trilham o Caminho da Autorrealização. Essa é a dura realidade dos fatos…
Há uma tendência de as pessoas interpretarem tudo à sua maneira, superficialmente, e quem quiser trabalhar no Sétimo Nível tem que ser “estritamente abrangente”; ir além de todo dogma e fazer um inventário de si mesmo, para saber o que você tem em excesso e o que lhe falta.
Muitas vezes, uma bela virtude pode servir de pedra de tropeço para o navegante. Às vezes, até mesmo Gemas de Espiritualidade muito preciosas servem de obstáculo. Por isso é tão difícil poder desintegrar os agregados psíquicos nos Sete Níveis do Ser, por isso!…
Por outro lado, devemos aprender a manejar os cinco cilindros da máquina orgânica, pois os agregados que temos estão relacionados a esses cinco cilindros da máquina orgânica.
O que são esses cinco cilindros? Centro Intelectual, onde fica? Já sabemos que no cérebro. Centro Emocional, onde fica? No Coração, Plexo Solar e centros do Grande Sistema Nervoso Simpático. Centro Motor, onde fica? Parte superior da Coluna Vertebral.
Centro Instintivo, onde fica? Na parte inferior da Coluna Vertebral. E o Centro Sexual? No Sexo.
Há agregados psíquicos do Centro Intelectual, como os há do Emocional, como os há do Motor, como os há do Instintivo, e como os há do Sexual. Isso é óbvio! É preciso estudar os agregados psíquicos em cada centro, para ver como eles se comportam e isto é uma questão de Autorreflexão, Experiência Direta, Observação Psicológica, etc.
Um agregado não pode ser desintegrado sem a ajuda da Divina Mãe Kundalini, a serpente dos grandes mistérios, e ela exige, para a desintegração de qualquer agregado psíquico, uma prévia compreensão do defeito psicológico que queremos reduzir a cinzas. Isto é óbvio!
Devemos primeiro descobrir o defeito e depois trabalhá-lo. Precisamos da evidente autorreflexão do Ser, para alcançar a compreensão profunda. Precisamos de meditação íntima, se realmente queremos entender este ou aquele defeito. Mas uma vez compreendido, deve-se trabalhar com a Divina Serpente dos grandes mistérios. Só assim conseguiremos eliminá-lo.
E repito: qualquer defeito está relacionado a algum centro da máquina orgânica. E digo mais… Com a ajuda do Fogo, aquele que vem do Demiurgo criador do universo até a manifestação, por todos esses Níveis do Ser, podemos reduzir a cinzas qualquer elemento psíquico indesejável.
Vocês têm que se familiarizar um pouco mais com o fogo: aprendam a sentir com o fogo, aprendam a pensar com o fogo, a adorar o fogo, como fazem os “parsia”, como fazem os cristãos quando exclamam: “Deus é fogo!” Fogo devorador!”, como os “parsis”, que adoram o fogo; como os membros de qualquer tribo maia, ou tolteca, ou zapoteca, ou inca, que tanto adoram o fogo. No fundo, isto pertence ao mais puro paganismo e ao mais delicioso esoterismo crístico. Só com o Fogo podemos desintegrar os agregados psíquicos que carregamos em nosso interior.
Meus queridos irmãos, dentre os centros que temos em nosso organismo, não há dúvida de que o mais difícil de se controlar, é o centro emocional.
Porque o intelectual, embora custe muito trabalho, no final, com certas disciplinas, acabamos, mais ou menos, controlando-o. O motor, que é o que produz os movimentos e que se localiza na parte superior da Coluna Vertebral, também é controlável. Pode-se controlar os movimentos do corpo, andar, quando se quer andar, levantar o braço se quiser levantá-lo, ou não o levantar, se não quiser; franzir ou não a sua testa, etc.
Assim, todas as atividades do centro motor estão sob o controle da vontade. Mas o centro emocional é terrível: Essa questão das emoções negativas, sentimentos e sentimentalismos etc., torna-se difícil de controlar.
Na Índia, por exemplo, eles comparam o centro emocional a um elefante. Um elefante louco. O que eles fazem para controlá-lo? Colocam-no junto a dois elefantes sãos e saudáveis lado a lado e os amarram para não irem embora. Então esses dois elefantes saudáveis conseguem ensinar o louco a ser são, obediente, tornando-se um elefante sensato. É um sistema usado pelos hindus, e é bom.
O centro emocional é um “elefante”; o centro intelectual é outro “elefante” e o centro motor é outro “elefante”. Esses dois “elefantes”: o intelectual e o motor, podem controlar o “elefante louco” das emoções.
Se em um momento queremos explodir de desespero ou angústia, ou seja, se nos identificamos com alguma emoção negativa, estamos errados, o que devemos fazer? Deite-se na cama, relaxe e coloque a “mente em branco”.
Quando relaxamos, estamos agindo com o centro motor, pois relaxamos, relaxamos todo o corpo, soltamos todos os músculos, toda tensão do organismo; e colocando a “mente em branco”, isto é, trazendo a mente para a quietude e o silêncio, o que acontece? O centro emocional não tem escolha a não ser se acalmar um pouco, sereno, e finalmente o centro intelectual e o centro motor passam a dominar o centro emocional. São os dois “elefantes saudáveis” e obedientes que atuam para domar o “elefante louco”.
Também é possível controlar as emoções inferiores através das emoções superiores. Existem muitos tipos de emoções inferiores. Vocês sabem disso muito bem. Um parente morre: gritamos, choramos, nos desesperamos. Por quê? Porque não queremos cooperar com o inevitável, e isso é o pior dos piores. As pessoas, na vida, devem aprender a cooperar com o inevitável. Não nos conformamos, porque morreu um ente querido, e gritamos de angústia e não aceitamos, e vemos o corpo dentro do caixão, ali, e mesmo assim não nos parece que esteja morto, não acreditamos nisso, não é possível para nós que esse ser tenha morrido, e nos rendemos à angústia e à desolação. Isso é terrível!
Como poderíamos dominar esse estado? De duas maneiras: poderíamos apelar para o “par de elefantes”, o centro motor e o centro intelectual, relaxar o corpo e colocar a mente quieta e silenciosa. Isso seria um sistema…
Um outro: poderíamos apelar para uma emoção diferente, para uma emoção superior. Talvez nos fizesse muito bem, nesses momentos, ouvir uma sinfonia de Beethoven, ou “A Flauta Encantada” de Mozart, ou mergulhar cheio de emoção, em profunda meditação, refletindo sobre os mistérios da vida e da morte. Então, através de uma emoção superior, controlamos as emoções inferiores e anulamos a dor que a morte de um ente querido nos dá. Isso é óbvio!
O centro emocional é muito interessante, ativo…, mas temos que nos apropriar das emoções inferiores, controlando e dominando-as, e isso é possível de acordo com nossa didática…
Emoções inferiores causam muito dano. Emoções inferiores como touradas, os filmes, as orgias, das jogatinas, ou de quem se emociona com uma notícia no jornal, ou sobre uma guerra, ou sobre tantas coisas do mundo. Emoções Inferiores como as que a bebida alcoólica promove, ou como as que as pessoas desenvolvem em todas as suas bestialidades, que servem apenas para fortalecer os agregados psíquicos desumanos que carregamos dentro de nós e, assim, criar outros.
É preciso eliminar as emoções inferiores, através das emoções superiores. Isso é possível. Precisamos aprender a viver uma vida edificante e essencialmente dignificante, isso é fundamental! Caso contrário, nenhum progresso será possível. Como? De que maneira? Em primeiro lugar, precisamos ser mais honestos conosco mesmos, para desenvolver o centro emocional superior e nos libertar… Libertar-nos das emoções meramente negativas e superficiais.
Há pessoas que são corteses com os outros, são decentes. Há pessoas que fazem amizade com outras pessoas, mas esse é o aspecto público ou exotérico, digamos, mas não é só isso. Sabendo que temos uma psicologia interior, não basta saber se comportar decentemente com as outras pessoas, não basta apenas o perfume da amizade, do ponto de vista externo.
Qual é o comportamento que temos, internamente, em relação às outras pessoas? Normalmente, quem faz amizade com outra pessoa tem duas facetas: a de fora e a de dentro. A de fora é aparentemente magnífico, mas e a de dentro, quem sabe? Temos certeza de que não criticamos o amigo, a quem tanto estimamos? Temos certeza de que não desgostamos de algumas de suas facetas? Temos certeza de que não o estamos atraindo para a “caverna”, uma armadilha que temos, na mente, para torturá-lo, para zombar dele, enquanto sorrimos docemente para ele? Quantas pessoas que estimam alguém, mas, em seu interior não param de criticar aquele alguém! Embora não expressem suas críticas e zombem de seus melhores amigos, sorriem docemente, em sua presença.
Realmente devemos ser mais completos, mais íntegros. Tentemos por um momento colocar os dois relógios, o de fora e o de dentro, o exterior e o psicológico em pé de igualdade, para que funcionem em perfeita harmonia, um e outro. Porque é inútil estarmos nos comportando bem, com os nossos amigos, que estamos a dar-lhes o nosso amor, se por dentro zombamos deles, se por dentro os criticamos, se por dentro os torturamos. É melhor que os dois relógios, o de fora e o de dentro, batam em uníssono, segundo a segundo, de momento a momento.
Devemos ser mais completos, mais íntegros, cessar as críticas contundentes, psicológicas, internas, às pessoas que estimamos. Como é possível essa contradição: que estimamos uma pessoa e por dentro a estamos criticando? Que até falamos bem daquela pessoa que estimamos, mas por dentro estamos “engolindo-a viva”?
Agora, vocês devem saber muito bem que muitas pessoas vivem dentro de cada um de nós… todos os nossos eus. Quando nos apoderamos de um desses Eus, e o estudamos com o sentido de auto-observação psicológica, pode-se mostrar que ele possui os centros intelectual, o emocional e o centro motor-instintivo-sexual, ou seja, ele possui os Três Cérebros. Qualquer eu que tenha uma mente engarrafada, uma vontade engarrafada, é uma pessoa completa. Assim, dentro de nós há, portanto, muitas pessoas. Muitas pessoas vivem dentro de cada pessoa: os agregados psíquicos…
Assim, qualquer amizade que tenhamos, merece ser, digamos, devidamente tratada. Você tem um amigo, por exemplo. Há coisas sobre o amigo que você gosta e há coisas que você não gosta. Vocês são amigos… de algum eu de seu amigo, ou de alguns eus de seu amigo; mas há outros eus do seu amigo que te incomodam, que te causam antipatia, porque temos que levar em conta que muitas pessoas se manifestam dentro de cada pessoa. Você geralmente é amigo de certos agregados deste ou daquele amigo, desta ou daquela pessoa, mas você não é amigo de todos os agregados daquele amigo em questão.
Por isso diz: “Tem coisas desse amigo que eu gosto, tem coisas que não gosto; tem coisas boas, tem coisas ruins”. É assim que temos de falar; sim, depende do tipo de agregado que você está falando em determinado momento.
Assim, a amizade que sentimos pelos outros não é completa. Sentimos amizade apenas por alguns agregados dessa pessoa, mas não sentimos afeto pelos outros agregados dessa outra pessoa.
Pode ser que essa pessoa físico-psicológica, que estimamos, tenha agregados psicológicos que não estimamos e, em determinados momentos, essa pessoa “se sente pesada” justamente porque outros agregados com os quais não temos amizade estão expressando. Essa é a dura realidade dos fatos!…
Se tivéssemos um Self permanente, diríamos: “Sou amigo de fulano de tal, totalmente, completamente”. Não encontraríamos “mas” ou falhas de qualquer tipo nesta pessoa. Mas acontece que não existe um “Eu” permanente, e sim, muitos eus. Então, qual agregado desses, ou qual eu desses, do sujeito “X”, nós estimamos? Não serão todos! Por isso precisamos estarmos entendendo essa interrelação…
Por que os amigos brigam? Simplesmente porque de repente, dentro da personalidade, intervém um agregado que não é amigo de um amigo, e então vem a discórdia. Mas se depois aquele agregado se retira e intervém outro amigo de um amigo… Ah! Fazem as pazes! Quão fátuas então são as amizades! Não são completas, e não são completas porque não são abrangentes, não entendem isso da “pluralidade do eu”. Ao contrário, estariam completos, saberiam desculpar os defeitos do amigo e não brigariam com ele. Esse conhecimento está faltando para que não briguemos com nossos amigos. Nos tornar mais conscientes disso. É assim que melhoramos a interrelação, a convivência.
Há simpatias e antipatias que, poderíamos dizer, são mecânicas. Nenhuma delas é útil, porque são mecânicas. Às vezes dizemos: “eu gosto de fulano de tal”; mas o que é que “engordamos” com fulano de tal? Um adido psíquico que possivelmente não é nosso amigo; isso é tudo.
Não devemos tentar, então, simpatizar à força com alguém de quem não gostamos, mas, antes de tudo, descobrir qual é a causa da aversão. E quando descobrimos por reflexão que essa antipatia é mecânica, então a antipatia desaparece por si mesma e a simpatia permanece.
Mas como poderíamos, ou que base poderíamos usar, concluir que uma antipatia é mecânica?
Digo que, simplesmente, entenda a pluralidade do eu. É indubitável que muitas pessoas vivem dentro de cada pessoa. Há momentos que em certas pessoas, por exemplo, em um determinado assunto, são expressos alguns agregados que não gostamos, e isso é mecânico.
Reflitamos sobre o fato de que dentro daquela pessoa que “gostamos”, também existem agregados que podem simpatizar conosco e ser úteis e amigos; que nem todos os agregados que se manifestam em tal pessoa, são desagradáveis a nós. Eles, os agregados que gostamos, podem se manifestar, em uma pessoa que não gostamos.
Se refletirmos sobre isso, se entendermos esse ponto de vista da pluralidade do ego, desaparece a antipatia mecânica, tão prejudicial, porque desenvolve cada vez mais os elementos psíquicos inumanos que se relacionam com o centro emocional negativo.
Quanto mais eliminarmos os agregados do centro emocional negativo, mais e mais o centro emocional superior se desenvolverá em nós.
No entanto, digo que o centro emocional superior é grandioso, muito mais poderoso que o intelecto.
Com o centro emocional superior podemos compreender a natureza do fogo…
Os livros sagrados são escritos com brasas, isto é, com fogo. A linguagem da Bíblia, por exemplo, é parabólica, é a linguagem do centro emocional superior.
As experiências místicas e incorpóreas são obviamente parabólicas, e só podem ser compreendidas com o centro emocional superior. Os mistérios da vida e da morte são perfeitamente conhecidos através do centro emocional superior. Isso é óbvio!
Eu lhes disse que “a mônada em nós é a coisa mais importante, que quanto mais eliminarmos os elementos psíquicos inferiores, mais e mais receberemos as irradiações da mônada”. Esta mônada é Atman-Buddhi. Atman é “o Inefável”, ele recebe a força que vem do Demiurgo Criador; o Demiurgo, por sua vez, o recebe de Adi-Buda, o Ser Incognoscível.
Atman, como desdobramento do Arquiteto Divino do Universo, é Inefável; é o que se chamaria o “Paraatman” ou o “Shiva-Tativa”. Buddhi, apesar de ser tão espiritual, é mais corpóreo, digamos, mais concreto que Atman.
Buddhi-Eros, como o princípio ígneo, obviamente se torna cada vez mais evidente para nós. Suas irradiações nos atingem cada vez mais profundamente, à medida que dissolvemos as emoções negativas do centro emocional e à medida que o centro emocional superior se desenvolve.
Atman-Buddhi é a mônada, é a realidade dentro de nós que conta, o Real Ser dentro de nós.
Temos que lutar, eliminando as emoções negativas para nos aproximarmos cada vez mais da mônada, e a mônada justamente nos ajuda, porque Eros emana de Buddhi, que é essa extraordinária força sexual com a qual podemos desintegrar os agregados psíquicos na Forja dos Cíclopes.
O que seria de nós sem Eros? Eros se opõe a Anteros, as potências do mal, que não estão fora de nós, mas dentro de nós, aqui e agora. São todos aqueles agregados do centro emocional inferior, o Anteros.
Se eliminarmos as emoções negativas e desenvolvermos o centro emocional superior, penetraremos cada vez mais na essência do fogo, e nos aproximaremos cada vez mais de nossa mônada interna que sempre nos sorriu.
Não se esqueçam que o centro emocional, em seu princípio, é puro, radiante. As emoções inferiores, localizadas nas partes ou nos pontos inferiores do centro emocional, constituem o emocional inferior. Se eliminarmos as emoções inferiores, então tudo fica perfeito. O centro emocional superior é como uma magnífica Flor de Lótus….
Em todo caso, Atman é o raio que nos une com o Logos e o Adi-Buddha. E a força de Adi-Buddha e dos Logoi Interiores, atinge Atman e está contida em Buddhi, mas aproximar-se de Buddhi é impossível enquanto tivermos emoções negativas. Em outras palavras: a aproximação da mônada torna-se difícil se continuarmos com as emoções inferiores.
Não devemos aceitar as emoções inferiores dentro de nós. Devemos cultivar emoções superiores: Música, devemos ouvir Beethoven, devemos ouvir Mozart, Liszt, Tchaikovsky; devemos aprender a pintar, mas que os quadros que pintamos não sejam infra-humanos. Devemos derramar neles nossos sentimentos mais nobres. Tudo o que fazemos deve ser digno e essencialmente edificante…
Enche-se de êxtase ao contemplar as colunas coríntias dos tempos antigos, ou os mármores de Roma e Atenas; as magníficas esculturas de uma Ísis Negra na terra dos faraós, ou de um Apolo, ou da Vênus de Milo, ou da casta Diana.
Enche-se de êxtase, vibra de emoção superior, ao ouvir, por exemplo, a Lira dos tempos antigos, ou ao entregar-se à meditação profunda, no seio da natureza, ou ao passear pelas ruínas da Roma antiga, ou ao caminhar ao longo das margens do Ganges, ou caindo de joelhos diante do Guru, entre as neves perpétuas do Himalaia. Então a Emoção Superior vibra…
Nos tempos antigos, lá na Lemúria, nos tempos em que os rios de água pura da vida vertiam leite e mel, quando a Lira de Orfeu ainda não se despedaçava no pavimento do Templo, o centro emocional superior vibrava intensamente em cada ser humano.
Essa foi a época dos Titãs, a época em que os seres humanos que povoavam a face da Terra podiam ver a aura dos mundos e perceber mais da metade de um holtapamnas em seus tons de cores… Sabemos bem que um holtapamnas tem mais de cinco milhões de tons.
Mas quando o centro emocional inferior se desenvolveu com paixões violentas, com luxúria, com ódio, com guerras cruéis entre irmãos, então esse sentido se atrofia. A humanidade se aprisiona neste mundo tridimensional de Euclides.
Chegou a hora de entender que somente através do centro emocional superior é possível penetrar mais profundamente em nós mesmos.
Se procedermos corretamente, se aprendermos a viver, se aprendermos a nos relacionar com nossos semelhantes de uma maneira bela, então nos aproximaremos cada vez mais da mônada sagrada e diferentes centelhas de Consciência Cósmica nos surpreenderão, se tornarão mais e mais contínua, até que finalmente, um dia, todos nós termos, realmente e de verdade, a consciência desperta, a Consciência Superlativa do Ser, Buddhi.
Nesse dia seremos felizes… Nesse delicioso amanhã, as vibrações de Buddhi nos saturarão totalmente e saberemos verdadeiramente viver em estado de consciência plena.
Até aqui esta cátedra. Agora dou total liberdade para os presentes aqui questionarem, tirando suas dúvidas sobre o assunto….
Discípulo – Mestre, por que falas contra as Virtudes?
Mestre – Você vê como é fácil deturpar o ensinamento. Você faz isso com um coração simples e sincero, mas depois que você diz isso, outra pessoa deturpa um pouco mais, e o terceiro continua deturpando mais, e quando o ensinamento chegar a todos, ele já estará dizendo: “Samael Aun Weor é contra as Virtudes, chega de Virtudes!” É assim que o ensinamento é distorcido e é assim que o ensinamento de todos os Irmãos Maiores que ajudaram a Humanidade foi distorcido.
O que restou do budismo, você pode me dizer? Gautama Sakyamuni falou contra o abominável Órgão Kundartiguador. Toda a sua doutrina era contra as más consequências daquele abominável “órgão”. Hoje temos um Evangelho Budista completamente deformado; nada, quase nada resta do antigo budismo: tudo foi deformado…
Não estou me pronunciando contra as Virtudes… Devemos pensar corretamente.
A água é útil, é magnífica, é boa na pia, é boa no recipiente, no banheiro; mas, o que você diria sobre a água na sala, inundando os quartos? Mudaria tudo, não? Seria muito ruim… O fogo é bom na cozinha. Também é magnífico ali, nas velas… Mas se o fogo, neste momento, estivesse a queimar esta casa e os Bombeiros chegassem, o que diríamos? Seria uma calamidade, certo? Assim, toda virtude é boa em seu lugar, mas fora de seu lugar é má…
Missionário, como você, é bom que dê os ensinamentos, que os espalhe por toda parte, mas, e se ao invés de espalhar os ensinamentos entre as diferentes pessoas, lá fora nas ruas ou nos lumisiais, ou nas casas de família, ir a bordéis para espalhá-lo? Isso seria correto? Seria ruim, certo? Então o Missionário se tornaria o quê? Em um verdadeiro perverso? Muito bem, mas não quer dizer que o Missionário seja mau, tudo depende do uso que faz das suas Virtudes.
O dinheiro em si não é bom nem mau, tudo depende do uso que se faz dele: se for usado para o bem é bom, se for usado para o mal é mau.
As virtudes são as mesmas, são preciosas, são Joias Inefáveis, é claro que cada defeito psicológico eliminado deixa o lugar livre para a cristalização de uma Virtude. Mas as Virtudes, fora do lugar delas são ruins, com elas você também pode causar muito dano, não só aos outros, você pode se prejudicar com suas próprias Virtudes se você não souber lidar com elas. Quero que os irmãos entendam isso, com perfeita clareza.
O que você diria sobre a violência? A violência é boa ou não? O que você me responde? Qual seria a resposta?
Discípulo – O que é ruim… O que é bom e o que é ruim…
Mestre – Essa é mais lógica, a resposta que dá…
Discípulo – A violência, se aplicada com sentido de defesa, é boa para a pessoa. Mas se for aplicado de forma instintiva, já nos prejudica…
Mestre – Em essência, o que você está dizendo está correto. Mas você precisa detalhar. Obviamente, a violência leva à violência, e não é aconselhável, mas vamos a isto: o homem tem a mulher e tem os filhos; ele também tem filhas, já crescidas (senhoras), de repente um grupo de bandidos resolve invadir a casa para estuprar sua esposa, estuprar suas filhas e tudo mais: incendiar a casa e roubar. Mas há um homem lá: o marido. Ele sente quando os bandidos entram na casa (ele sabe disso), mas ao invés de pegar uma arma para defender sua casa, ele abençoa os bandidos (porque ele está no Caminho, ele está no Caminho): Deus te abençoe, irmãos da minha alma! Não cometa esse crime horrível de estuprar minha esposa (enquanto eles a estupram), de estuprar minhas filhas (enquanto elas estão sendo estupradas), de roubar meu dinheiro (enquanto estão tirando dela os últimos pesos), de atear fogo em minha casa (quando já estão incendiando), não façam isso, maninhos, porque vocês terão muito carma para pagar; no entanto, estou disposto a abençoar a todos vocês” …
Bem, suponha que ele saia vivo dessa luta porque os bandidos têm pena dele. Bem, como aquele homem se apresentaria perante as autoridades e perante a Divindade? As autoridades… acho que o julgariam como cúmplice do crime; que já está previsto no Código Penal. Esse homem merece prisão, certo? Porque é um covarde e porque se tornou cúmplice do crime; é óbvio que ele merece a prisão, ele se tornou um cúmplice, ele é um covarde…
Então, qual é o dever daquele homem lá? Ele está no Caminho, é um Iniciado, quer ser um Mahatma e não sei mais o que, qual é o seu dever? Bem, morrer no campo de batalha defendendo sua família a qualquer custo, morrendo lutando, mas morrendo; se era sua vez de morrer, morrer cumprindo o dever de um homem; esse é o seu dever!
Ou, o que diríamos, por exemplo, de um militar, o que diríamos, por exemplo, ou o que nosso irmão que é militar diria? Que de repente a Pátria está ameaçada, os “gringos” vêm nos invadir, saquear, estuprar, queimar, roubar, e o Exército diz: “Não, não lutamos mais, Deus abençoe todos esses invasores; se eles queimarem, haverá seu Karma. Deus te abençoe, nós não brigamos”…
Eles cruzam os braços para dar bênçãos e rezar pelos bandidos que estão atacando. O que seria dito de tal exército?
Discípulo – Imediatamente, uma traição à Pátria que…
Mestre – Alta traição! Isso é óbvio. Alta traição! Condenável, não só pelos juízes da Terra, mas pela Divindade. Qual é, então, o dever do exército naquele momento?
Discípulo – Atacar, defender…
Mestre – Defenda, devemos usar armas! Assim, as armas em si não são boas nem más, tudo depende do uso que se faz delas: se são usadas para o bem, são boas, mas se são usadas para o mal, são más; tudo depende.
Então, essa coisa das Virtudes é uma coisa que precisa ser pensada muito, muito, porque com as Virtudes você pode não só prejudicar os outros, mas também prejudicar a si mesmo… Vejamos, o irmão vai perguntar alguma coisa?
Discípulo – Eu não entendo em “O Ramayana”, por que Krishna incita Arjuna a lutar contra seus parentes? Não consegui interpretar isso… Não entendi isso.
Mestre – Bem, vida longa, vida longa, vida longa a Krishna com seu encorajamento que ele dá a Arjuna! E viva essa luta contra os parentes, isso é maravilhoso! Eu mesmo concordo: vamos lutar contra todos os parentes! Vamos desembainhar a espada e ir contra todos!
E o que você sabe quem são esses “parentes”? Pois bem, são todos os agregados psíquicos que carregamos em nosso interior; contra eles temos que lutar e muito duro mesmo que nos machuque. Eles são nossos “parentes”, mas temos que “dar-lhes duro” e de todo jeito…
Discípulo – Mestre, desculpe-me, uma pergunta: Que interpretação pode ser dada….
Mestre – Como?
Discípulo – Que interpretação podemos dar ao Ensinamento Evangélico de que “se for atingido numa face, vire a outra”?
Mestre – Sim! Garanto-lhe que se alguém vier até mim e me “socar”, então coloco a outra face para que “soque” mais forte. Não há problema. Mas se eu tenho um grupo de crianças aqui junto, ou se eu sou um Guardião aqui, do Templo e nesse momento chega um grupo de bandidos para bater em você… Eu estou lá… eu reajo, é para isso que serve a espada; e se eles me atingirem ou avançarem, bem, eu morro no campo de batalha.
Qual é o dever de um Guardião do Templo? Diga-me para ver…
Discípulo – Defender, ainda com a vida, as pessoas que serem salvas.
Mestre – Correto! Neste momento você é o Guardião do Templo, se neste momento alguém vier nos atacar, a multidão vem, a quadrilha vem atacar esses irmãos, você tem que perder sua vida lá, se necessário. Porque esse é o Guardião do Templo.
Então, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Uma coisa é abençoarmos nossos inimigos, devolvermos o bem ante o mal, virarmos a face direita para que nos “soquem” com mais força, e outra é cumprirmos nosso dever quando chegar a hora de cumprir, defender, sabe defender aqueles sob nossa responsabilidade. Entendido?…
Há outra pergunta?… Sim, irmão…
Discípulo – Venerável, falando das Virtudes, pode-se considerar que, em muitos casos, uma Virtude pode criar dependência psicológica?
Mestre – Uma Virtude, quando não se sabe como usá-la, pode criar dependências psicológicas, pode tornar-se um tirano, pode levar-nos a dar um passo em falso, etc.
Por exemplo, quantos juízes que tiveram a Virtude de cumprir seu dever na época da Revolução Francesa, mandaram inocentes para a forca? Havia carrascos cujo dever era decapitar muitos na guilhotina, e cumpriram esse dever que tinham (com a “Virtude do Dever”), e os decapitaram, fizeram cair a lâmina em seus pescoços, é isso? E daí?
É preciso aprender a manejar as Virtudes; não é que sejam subestimados, são Joias Preciosas, emergem em nós à medida que os agregados psíquicos vão sendo eliminados.
Mas tudo no seu devido lugar… Já dissemos que o fogo é bom na cozinha, mas não na sala, e que a água é boa na pia, mas não é bom que ela invada os quartos.
Uma Virtude é boa em seu lugar; ruim quando está fora do lugar. Isso é tudo. Você tem que ser mais equilibrado, mais ponderado, mais maduro; isso é óbvio. Por exemplo, a antipatia mecânica é absurda. Mas, é inútil lutarmos contra a Antipatia Mecânica, é inútil, por exemplo, dizermos: “Gosto desta pessoa « gorda» … amigos com essa pessoa”, e forçar-se e sorrir artificialmente para ele, e acontece que esse sorriso, mais do que um sorriso, acaba por ser uma careta trágica…
Não. O que temos que fazer é dissecar essa Antipatia Mecânica para ver por que gostamos daquela pessoa “gorda”. Isso requer muita autorreflexão, muita auto-observação psicológica, muita meditação e, finalmente, descobrimos a causa.
Uma vez que descobrimos essa causa, nós a desintegramos com a ajuda da Divina Mãe Kundalini, com a ajuda do Fogo Sagrado. Então, a Virtude da Simpatia para com essa pessoa floresce em nós. A Virtude: Simpatia para com aquela pessoa que costumava ser “gorda” para nós.
Então, você tem que se conscientizar de tudo, viver uma vida consciente, uma vida mais madura, menos mecânica… Vamos ver, irmão…
Discípulo – Mestre, a Virtude pode ser aprendida?
Mestre – Aprender? Bem, meu caro… nunca! Essas são as Joias Preciosas ou Flores da Alma, que nascem em nós quando eliminamos tais ou tais defeitos psicológicos.
Tenhamos, por exemplo, que eliminemos a raiva, a doçura surge em nós; que eliminemos a luxúria, em sua substituição surge a Virtude da Castidade; que eliminemos o ódio, em sua substituição surge a Virtude do Amor: E à medida que eliminamos esses defeitos psicológicos, as Virtudes surgem em seu lugar.
Por isso dizemos que precisamos cristalizar a alma em nós, e a Alma é puro Fogo Universal. Esse Fogo Divino, esse Fogo Inefável, deve cristalizar-se pouco a pouco em nós. Mas não podemos cristalizar a Alma em nós se não eliminarmos os defeitos psicológicos.
Ao eliminarmos cada agregado psíquico, em sua substituição cristalizará uma Virtude, um Poder, uma Lei, etc. Isso é chamado de “Alma Cristalizante”. E finalmente, quando todos os agregados psíquicos forem eliminados, somente a Alma permanecerá em nós; até mesmo o próprio corpo se tornará Alma.
Qual é o corpo de um mutante? É um corpo já convertido em Alma. Mas para Cristalizar a Alma em nós, que é puro Fogo Vivo, é necessário eliminar os agregados psíquicos. E isso só é possível através de grandes crises emocionais.
Isso não é meramente uma questão intelectual. Não! Para eliminar um agregado psíquico é preciso passar por terríveis arrependimentos, chorar, se desesperar, cair no chão e até se chicotear se necessário. Você tem que sofrer muito; arrepender, passar por terrível, repito, amargura.
Se alguém não passa por essas crises emocionais, não desintegra o que deve desintegrar e não cristaliza as Virtudes, e não cristaliza a Alma.
Mas quando se consegue Cristalizar a Alma, e tudo se torna Alma, então brilha gloriosamente; é mais uma Chama da Grande Fogueira, ardendo dentro da Magnífica Aura do Universo.
É assim que nos ensina a Doutrina do Fogo, e é assim que devemos entendê-la… Alguma outra pergunta?
Discípulo – Mestre, Eros é Fogo em nós, e a Divina Mãe também é Fogo, em nós, como é que Eros…levando esse Fogo ao máximo… que não nos “escape” como a água? Que não o deixemos perder…
Mestre – É que Eros é Fogo, o Fogo Sexual que emana da Mônada. A Mônada, por sua vez, a recebe do Logos. Esse Fogo Erótico surge, concretamente, da Valquíria, do Buddhi, na manifestação.
Ele não se perde, quando o Vaso Hermético não é “derramado”, quando o Vaso contendo o “azeite” permanece ileso. Mas se o Cálice de Hermes se derrama, esse Fogo Erótico se perde, se “escapa”, e então, com o que vamos trabalhar?
Precisamos do Poder da Mônada, se quisermos poder eliminar os agregados psíquicos. É assim que deve ser entendido, é assim que deve ser entendido… Há mais alguma coisa a perguntar?…
Discípulo – Até que ponto se deve trabalhar com esse Fogo? Deve ser mais rítmico ou não?
Mestre – O Fogo se manifesta, ou deve ser usado, para ser mais claro, durante todo o trabalho esotérico de forma perfeita e rítmica. Porque há tempos positivos e tempos negativos. Há tempos de Maha – Manvantaras particulares e tempos de Maha-Pralayas particulares; tempos de atividade e tempos de descanso… Uma pausa magnética criativa deve seguir cada tempo de atividade; porque em tudo tem um Biorritmo…
Discípulo – Mestre, voltando às Crises Emocionais que você mencionou, seria coerente para uma pessoa realmente interessada em fazer a Grande Obra pedir ao Ser que o faça passar por essas “Crises Emocionais”?
Mestre – O Ser é o Ser e tem muitas partes, a qual parte do Ser você se refere?
Discípulo – Pelo menos o Treinador Psicológico, o Privado Anúbis…
Mestre – Cada parte do Ser merece ser refletida, porque sabemos muito bem que as Sete Chamas emanam da Chama Una, e as sete se multiplicam por sete, e, por sua vez, continua assim por mais sete, etc., etc., etc.
Assim, só se faz uma parte; as outras partes do Ser também precisam trabalhar; isso é óbvio, cada Lhama é obrigado a trabalhar. Mas, obviamente, é a Divina Mãe Kundalini, a esposa de Shiva, que está realmente obrigada a realizar o máximo do trabalho; e quanto à crise emocional, é uma questão do Centro Emocional Superior, é uma questão de compreensão.
Quando se compreende quão absurdo foi, quando se percebe que não é nada mais do que um miserável humano sem valor, então surge o arrependimento por todos os crimes cometidos, e daí vem a crise emocional natural, não fingida, mas verdadeiramente sentida; isso é tudo…
Discípulo – Mestre, quando se diz que “a água é o habitat do Fogo”, está-se a dizer que o Fogo vem da Água, ou é o Fogo, o primeiro Elemento que dá vida aos outros Elementos?
Mestre – Você pode analisar a água. Encontre a fórmula H2O. Mas essa H2O sem Fohat permaneceria incompleta… Fohat deve ser adicionado à fórmula. Portanto, não poderia haver Água sem o Elemento Fogo, que é primordial, fundamental.
Quando o Fogo se condensa, ele o faz primeiro no Ar, depois na Água e finalmente na Terra.
Você pode conhecer os elementos químicos da Água (H2O); você pode conhecer os elementos químicos da Terra e saber o quão importante é o Carbono… Você pode conhecer os elementos químicos do Ar e o que são Nitrogênio e Oxigênio, mas quais são os elementos químicos do Fogo? Quem analisou esta substância, qual é a sua fórmula?
É muito desconhecido, por quê? Por ser a expressão viva do Ser. É o Reflexo do Logos no Universo. Então do Fogo vem tudo. E se não trabalharmos com o Fogo desintegrando nossos defeitos psicológicos, trilharemos o caminho do erro…
Discípulo – Mestre, então, diz-se que Lúcifer é… Que relação tem Lúcifer e a Divina Mãe conosco e com o trabalho na Forja?
Mestre – Lúcifer é o Fogo, é o Fohat, é o Enxofre dos Alquimistas Medievais. Obviamente, é o reflexo do Cristo Cósmico, ou Vishnu, em nós e dentro de nós. Obviamente, ele desce às profundezas de nós mesmos.
Em matéria de esoterismo crístico dizemos que é “o Diabo”, quando ainda não eliminamos os agregados, porque então todos os nossos defeitos se refletem nele.
Mas se desintegramos nossos agregados psíquicos, ele brilha e se integra, e se integrará conosco para nos transformar e nos transformar em mutantes. O que é um mutante? Ele é um Homem integrado com Lúcifer, que é um Mutante.
Lúcifer nos dá todos os poderes: Ele nos dá o Elixir da Longa Vida… Ele nos dá o poder sobre todos os elementos: do Fogo, Ar, Água e Terra. Mas para que Lúcifer brilhe em nós, se integre a nós, primeiro ele precisa ser embranquecido. É por isso que os alquimistas medievais dizem: “Queime seus livros e branqueie o bronze”… Precisamos branquear o bronze, precisamos branquear o Diabo…
Cada um de vocês tem o Diabo, negro como carvão, horrível; você precisa branqueá-lo e só você, cada um de nós pode branqueá-lo, desintegrando seus agregados psíquicos.
No dia em que você fizer isso, você se integrará com ele e ele com você e ele lhe dará o Tesouro Escondido, o Velocino de Ouro e ele lhe dará todos os poderes… Antes que isto ocorra, branqueá-lo, não é possível, entendeu?…
Alguma outra pergunta?
Discípulo – Quando não surge o arrependimento, Mestre, qualquer determinação que tomemos, pela multiplicidade do Ego, para, digamos, punir-nos como fizeram Santo Antônio ou São Francisco, então isso aparentemente pode ser um mal que pode nos ajudar no Caminho da Autorrealização, para eliminar um certo agregado psíquico?
Mestre – Bem, não há dogmas nisso… Nisto, há inventários: adição e subtração, multiplicação e divisão. Devemos saber o que nos resta e o que nos falta, sem dogmas.
Em primeiro lugar, o que é preciso é saber se o arrependimento não surge em nós; se realmente não surge, é porque somos perversos. Porque quando surge em nós, é porque ainda não há perversidade. Mas se não surgir, somos muito maus, muito maus.
Obviamente, meus queridos amigos, o que é arrependimento? Uns traduzem de uma forma e outros de outra: Há quem diga que “é para mudar a maneira de pensar” e citam termos gregos e etc., etc., etc…. Perdoem-me a franqueza, mas não concordo com essas concepções.
Quando alguém, na realidade, enfrenta sua própria Mônada Divina, que emana do Sagrado Sol Absoluto, e olha para o que tem no fundo e percebe todas as suas barbaridades, há arrependimento. Trabalha com arrependimento, passa por crises emocionais.
Mas quando alguém se afastou tanto do Sagrado Sol Absoluto que as Emanações, as Ondulações Cósmicas do Sagrado Sol Absoluto já não o alcançam, porque ele está muito desviado, caído na Magia Negra, ele é um caso perdido… Nesse caso, ele é mau.
E aquele “bandido” terá que se punir muito; ele precisaria passar por penitências horríveis, obviamente. Ele precisará ser muito sincero consigo mesmo, sincero demais, para que possa realmente desintegrar os agregados psíquicos desumanos que carrega dentro de si.
Mas, sobretudo, se não lhe veio o arrependimento, é porque é ímpio….
Chegou à perversidade. Porque uma coisa é maldade e outra é ser perverso: os ímpios não têm mais remorso nem arrependimento. É um caso sem esperança, não é mais tocado pelas Ondulações Cósmicas do Sagrado Sol Absoluto. É por isso que ele não sente remorso nem arrependimento, ele se torna cínico e se torna um habitante do Reino Mineral Submerso, ele entra no Mundo das 96 Leis. Isso é tudo.
Mas como fazer nesse caso, fazer com que aquele que não tem arrependimento se arrependa? Repito: você precisará recorrer a muita Força de Reflexão para analisar seus defeitos psicológicos, e até mesmo fazer certas penitências rigorosas e disciplinar-se, etc…
Bem, alguma outra palavra, alguma outra pergunta?
Discípulo – Pergunta de Lúcifer, eu queria saber ou tive essa preocupação: lembro que de acordo com o que você nos diz, temos uma Consciência de 3% livre, neste momento; isso poderia dizer que há uma parte de nosso Lúcifer que não é negra. Então, se vemos, digamos, como Fausto… …o que ele chama de seu Lúcifer, seu Divino Daimon … …é a mesma fórmula para se trabalhar com ele, ou para um invoque aqui…
Mestre – Bem, por trás dessa pergunta há uma fonte de curiosidade, lá no fundo; ao fundo há uma fonte de curiosidade. Você gostaria de trabalhar com ele simplesmente porque tanto se ouviu falar dele… Goethe fala, Dr. Fausto fala… ele é citado em tantos textos que vale a pena tentar alguma amizade com ele. Mas, pergunto aos presentes aqui: Existe alguém que já esteja tão preparado quanto…
Por Samael Aun Weor
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