João Batista e o Solstício de Inverno
Com a entrada do inverno as noites costumam ser mais longas do que os dias. Isso acontece porque a posição do Sol em relação a Terra, ilumina apenas uma parte da Terra.
Nos dias 24 de junho de cada ano, é dia de São João, que é o mesmo João Batista da Bíblia. Então, toda vez que entra o inverno, se comemora junto, o nascimento de João Batista, que certamente está relacionado às energias e forças do inverno.
Toda a natureza se movimenta com a chegada do inverno. Quem trabalhou nas outras estações e guardou seus alimentos, no inverno terá com o que se alimentar. Ou terá fogo para se aquecer.
Segundo as escrituras, João Batista cresceu no deserto da Judeia. Ele tinha o dom da profecia e pregava o arrependimento. Estar no deserto é se encontrar em extrema secura e aridez, não há água, não há emoção, não há alegria. O inverno, nos coloca em situação semelhante, o frio, também aponta para uma frieza emocional, certa aridez e momentos de sofrimento que poderão ser atenuados caso tenhamos construído algo que possa nos aquecer.
Embora o sofrimento não seja uma premissa para o arrependimento, senão todas as pessoas se arrependeriam; quando nos tiram aquilo que o corpo necessita, isso pode gerar sofrimento e profundas reflexões, além de questionamentos sobre nossa natureza e realidade.
Mas o inverno não aponta apenas para retirada das necessidades corporais, nós não entramos em frieza e aridez apenas pelas necessidades de alimento, roupa, casa, mas podemos entrar nesse estado por um relacionamento, pelo trabalho, pelo dinheiro, pela falta de reconhecimento, etc. tudo isso poderá fazer com que entremos no inverno interior a nós mesmo. Porém, a estação ajuda porque as forças ficam impregnadas na natureza, e o externo serve como gatilho para o interno.
João Batista descobre o arrependimento por ter crescido no deserto, o arrependimento desperta as lágrimas, as águas, as emoções, então somos batizados pela água, tal como era a função de João Batista. Só quem vive no deserto pode perceber o valor da água, então poderá despertá-la. João Batista vem nos batizar quando nos arrependemos.
João Batista batizou Jesus com as águas, e avisou que alguém viria depois dele, e que batizaria com o fogo. Ou seja, primeiro a alma precisa nascer para depois recebermos o espírito. A alma é o corpo que habita o espírito.
De certa forma, João Batista abriu as portas para a missão de Jesus. Em outras palavras, João Batista, através da purificação do batismo, abre as portas para a missão do Cristo. Segundo a literatura sagrada, Jesus iniciou sua missão evangelizadora somente após ter sido batizado nas águas do Rio Jordão.
João Batista foi preso pelo rei Herodes ao denunciar sua infidelidade. Pouco tempo depois, morreu ao ter sua cabeça decapitada e servida em uma bandeja a pedido da filha do rei.
A cabeça está associada ao signo de Áries, que é aquele que governa. Após recebermos João Batista, o governo que antes era nosso, ou de Herodes, passa a ser dedicado ao alto, a Deus. Então, perder a cabeça, é abrir mão da direção de nossa vida para que possamos ser direcionados. É um adeus à infidelidade.
Da mesma forma, a prisão de João Batista se refere ao aprisionamento da mente, quando sua cabeça é cortada ele é libertado das maldades do rei Herodes, que antes governava a mente, e com a decapitação, João Batista abre os caminhos para o Cristo.
Foi somente depois da morte de João Batista que Jesus Cristo passou a pregar publicamente, porque a árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.
Após a purificação pelas águas precisamos entregar o reino para que possamos ser purificados pelo fogo do espírito. Mas antes de tudo, precisamos viver o nosso inverno e gerar fogo suficiente para fazer derreter o gelo de nossos corações, para que não caiamos mais nos mesmos erros.
A Festa Junina é uma festa dedicada a João Batista, onde o principal elemento é a fogueira. Nela pedimos a São João que acenda a fogueira de nosso coração.
João Batista afirmava a seguinte frase: “Eu sou a voz do que clama no deserto. Endireitai o caminho do senhor”.
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Por Dilma Balota