Fundamentos do Processo de Conhecimento e Aprendizagem
As sensações surgem através dos sentidos e nos levam às percepções. A todo o momento, recebemos estímulos do mundo exterior, que são captados através das sensações. Os nossos cinco sentidos captam sensações da terceira dimensão, funcionam juntos, completando-se e combinando-se, formando um quadro consistente.
As percepções são formadas a partir das sensações e criam um mundo próprio, particular, ligado à realidade interior e às experiências de cada um. Percebemos somente aquilo que queremos, e isso tem relação com esses elementos subjetivos, ou seja, com aquilo que sentimos, percebemos e com as nossas preferências. De certa forma, a percepção é a própria subjetividade, ou seja, “um depender de coisas”.
As percepções se formam desde a infância. Apesar de o conteúdo interno mudar ao longo do tempo e afetar a percepção, nós já trazemos muito disso no próprio nascimento, como história de alma.
Um aspecto importante relacionado à percepção é o dualismo, ou seja, a divisão entre bom e ruim. O problema está em nos apegarmos a parte que gostamos e rejeitamos parte que não gostamos. A dualidade faz parte da realidade do mundo físico, através percebemos as coisas.
Conceito é uma ideia, uma concepção que criamos a respeito de uma realidade e que varia de pessoa para pessoa, ou seja, não é uma coisa concreta, é como um pensamento que passa.
Criamos os conceitos a partir das nossas experiências, das coisas que vivemos.
A própria ideia de Gnose e de busca espiritual está relacionada a isso. A questão não é descobrir uma verdade, mas estarmos abertos a descobri-la, a todo o momento.
O conceito se forma em nossa mente com palavras. Para conseguirmos transmitir esse conceito, surge essa ideia de linguagem. A linguagem é então um conjunto de palavras para expressar uma experiência.
Quanto mais nos conhecemos, mais captamos a realidade e vamos dando significado ao que percebemos, e quanto mais temos o domínio da linguagem, melhor poderemos significar essa nossa experiência.
Quando falamos de algo, temos a impressão de que estamos falando de uma realidade. Não nos damos conta de que estamos falando de ideias e não de experiências.
A memória tem um papel muito importante em nossa vida. Sem ela, não teríamos como atuar em nosso dia a dia, pois é o único instrumento que dispomos para nos comunicarmos, trabalharmos, cuidarmos dos nossos afazeres, etc. É a partir dela que cada um de nós sabe o que está fazendo e “quem se é” e isso é toda a memória da história que nos traz até esse momento.
Apesar de ser importante, não podemos tornar a memória nada mais do que isso, ela não é real e não devemos nos agarrar a ela. Ela muda de acordo com o momento em que temos a percepção dela.
A memória se distorce no tempo, então quem de fato nós somos? Talvez não sejamos tão concretos como acreditamos ser. Isso abre a possibilidade de nos inventarmos e nos transformarmos.
A sociedade joga com o medo e com a culpa para prender as pessoas e passar as ideias do modo que ela deseja, quem foge a isso se sente estranho. A pessoa em vez de se entender, vai se encaixando e se violentando durante a vida. Trabalhando com o medo, se consegue dominar as pessoas.
Os métodos de ensino falam muito da Imitação, que é a ação de nos transformar e levar para esse padrão da sociedade. A disciplina deveria apontar para alguma coisa que efetivamente queremos, e não para algo que alguém nos impõe e nos obriga a fazer, por medo ou pressão. O certo seria uma disciplina com liberdade.
Os modelos das escolas, de modo geral, são antigos e os professores, normalmente, são despreparados. O papel das escolas basicamente é incluir o aluno no sistema, na sociedade, mas deveria ser o de fazer com que as potencialidades viessem à tona e pudessem ser trabalhadas.
Se as sensações geram percepções a partir da memória, isso também é condicionamento. A questão inicial é romper com o condicionamento dentro de si. A partir do rompimento com esse condicionamento, podemos olhar de fora e saber o que fazer. O condicionamento nos leva ao adormecimento e embota a nossa mente.
Crenças limitantes fazem com que nos consideremos despreparados e incapazes para as coisas. Temos que saber quais são as crenças que nos condicionam e nos mantêm nas situações que estamos.
Se o condicionamento está em tudo, para nos libertarmos dele precisamos nos dar conta de que estamos agindo de forma condicionada, e isso só é possível através da observação, do questionamento e da análise de cada situação.
Nesse processo de aprendizado, temos que saber escutar, prestar atenção e refletir. O estado de presença nos coloca receptivos e reflexivos.
Temos que observar nossas memórias e adotar ações espontâneas, não condicionadas, mais livres, ou seja, menos presas aos padrões. Para isso, temos que captar e compreender quais são as coisas que nos prendem e por quais razões fazemos alguma coisa da maneira que fazemos; o que nos leva a manter esse ou aquele comportamento ou por quais motivos queremos preservar essa imagem, só assim poderemos romper com esses padrões.