Ego, Mente e Personalidade
O ego, a mente e a personalidade formam uma espécie de simbiose, mas são diferentes entre si. Compreender cada um é fundamental para o nosso trabalho de purificação e transformação psicológica.
A definição de ego varia conforme a cultura, a tradição. Dentro de cada tradição encontraremos diferentes nomes e definições do “ego”.
Na gnose, o ego representa a personificação dos nossos defeitos. O ego é o conjunto de “eus” e cada um desses fragmentos representa a personificação de um defeito psicológico.
Podemos dizer que o ego é a nossa multiplicidade (nossos vários “Eus”). O ego pode ser entendido como diferentes pessoas que vivem dentro de nós. A cada momento somos um, pois uma dessas múltiplas personalidades que vive dentro de nós assume o controle. Algo que revela essa fragmentação, essa multiplicidade interior, são os conflitos internos, isto é, os nossos múltiplos desejos, nossas múltiplas vontades, as diferentes vozes dentro de nós.
Se analisarmos como interagimos com o mundo, veremos que temos uma visão presa à ideia de que somos um só, à ideia ilusória do “Eu” permanente. Não há, no entanto, algo dentro de nós que possamos chamar de “eu”. Em um momento somos algo e, depois, somos outra coisa.
O ego busca afirmar constantemente que “eu realmente sou isso”. A noção de “eu” vem da uma história de vida com que nos identificamos, uma narrativa que busca explicar quem somos: os sofrimentos que passamos, as lamentações pelo que nos fizeram e nos disseram.
O ego busca se autoafirmar constantemente, validar a autoimagem, através da opinião dos outros, dos elogios, das coisas externas com um diploma ou de um cargo de chefia, por exemplo. As pessoas se definem através de sua posse material e de seu status.
O ego, no entanto, não possui nenhuma qualidade inerente. Ele é vazio em si mesmo, uma criação subjetiva. Em cada um dos ambientes, nós somos uma pessoa. Para cada um somos uma pessoa diferente. Quem sou eu para minha mãe, meu pai, meu filho, meu chefe e meu vizinho?
Para que possa existir qualquer transformação dentro de nós, precisamos nos abrir à possibilidade de que somos múltiplos, fragmentados.
Embora estejam relacionados, a mente não é o cérebro. O cérebro serve de veículo físico da mente. Podemos pensar na diferença entre mente e cérebro a partir da metáfora do computador: o cérebro funciona como um hardware, sendo a estrutura física que se encontra na cabeça, enquanto a mente opera como um software, sendo responsável pela atividade psicológica. Entre as diferentes funções da mente, encontram-se a razão, o discernimento, a percepção, a memória e a imaginação.
De acordo com o mestre Samael, a mente pode ser dividida em três: sensual, intermediária e interior ou superior. A mente sensual é a que usamos para fazer a leitura da realidade através dos nossos sentidos. A mente intermediária é aquela que formula conceitos, ideias e interpretações. A mente interior ou superior está relacionada para a percepção da realidade interior, com a reflexão, a intuição, o pensamento não dual.
A personalidade é o conjunto de características individuais e organizadas. É o conjunto constante e consciente de comportamentos, pensamentos e sentimentos. A personalidade está muito relacionada à autoimagem, diz respeito a como alguém age, sente, pensa, percebe e interpreta a realidade, seja ela interior ou exterior.
A personalidade é um instrumento, um meio de manifestação e de expressão. São habilidades, capacidades e conhecimentos desenvolvidos ou adquiridos ao longo da vida. Ela é construída ao longo do tempo, de forma que alguns de seus aspectos mudam e evoluem durante a vida.