Despertar Espiritual e o Sofrimento
Alguns dizem que passar por sofrimentos, por momentos difíceis, é bom, pois eles nos fazem crescer. Já outros buscam a cessação do sofrimento. Ou seja, uns falam do caminho do sofrimento e outros falam do caminho da cessação do sofrimento. Claro que são perspectivas diferentes.
Muitas vezes, quando pensamos em sofrimento, sentimos medo e queremos fugir dele. No entanto, sofremos todos os dias com apegos materiais e ilusões sem percebermos. Muitos estão tão acostumados a sofrer que nem se dão conta da dor.
O processo de despertar, de avanço espiritual, está relacionado ao fim do sofrimento comum, ou seja, com o fim do sofrimento relativo aos sentidos, às paixões, às ilusões, às coisas exteriores, às coisas do mundo, aos padrões.
O processo de despertar, de avanço espiritual, está relacionado com enfrentar a nós mesmos, abandonar as ilusões que temos sobre nós e sobre o que é o mundo, a vida, renunciar prazeres, lutar contra as tendencias de orgulho, vaidade, medo, raiva.
Do ponto de vista do ego, o caminho espiritual parece muito sofrido, parece uma verdadeira loucura. A negação de si mesmo, não ser ninguém especial, o completo desprendimento, a pobreza, ser nada, possuir coisa alguma, entrega, não ter referências, tudo isso parece muito sofrido para o ego, para o eu existencial.
Do ponto de vista da alma, tudo aquilo que para o ego parece importante, como reconhecimento, opinião dos outros, ser ou ter mais do que os outros, destacar-se, possuir coisas para ser através delas, todas as identificações, os padrões, as ilusões, os apegos, tudo isso é sofrimento.
Por isso, o que para o ego é sofrimento, para a alma, é libertação.
O processo de autoconhecimento é realmente doloroso, pois olhar para dentro de nós mesmos e nos enfrentarmos não é nada fácil. Durante o processo, passamos por várias crises existenciais. A mudança, a transformação, exige tempo, dedicação, persistência, paciência, renúncias, sacrifícios, desapegos, desidentificações.
O sofrimento vai depender sempre de nosso ponto de vista e de nossas identificações de cada momento.
No fim, ou passamos a vida sofrendo de forma inconsciente, vítimas de nós mesmos, de nossa ignorância, das circunstâncias da vida, dos outros; ou deixamos de ser vítimas, assumimos a responsabilidade, passamos por todo sofrimento do processo e nos libertamos, alcançamos a paz interior.
Por Fabio Balota