Conduta Gregária

O ser humano tende a agir de maneira diferente e muitas vezes descontrolada quando em grupo. Individualmente, é raro alguém tomar atitudes como atirar pedras em outra pessoa, mas em grupo, isso se torna até comum. Essa mudança de comportamento ocorre porque, em grupo, as pessoas se abrem a impressões negativas.

A conduta gregária nos faz seguir normas e comportamentos predominantes sem qualquer reflexão crítica. Tendemos a nos comportar da mesma forma que a maioria, muitas vezes movidos pelo medo de rejeição ou pela necessidade de aceitação, que indicam dependência, aprisionamento.

Esse comportamento leva à perda da individualidade, pois nos tornamos parte de uma massa, incapazes de expressar nossas próprias ideias, sentimentos. Em vez de nos destacarmos, nos fundimos na coletividade, perdendo nossa identidade, nossa independência de pensamento.

A conduta gregária impede o desenvolvimento espiritual. As pessoas que seguem cegamente as massas são menos propensas a buscar a verdade espiritual. Permanecem em um estado de inconsciência, agem mecanicamente, são guiadas por instintos e hábitos, em vez de uma compreensão profunda e consciente.

A busca incessante por aprovação e reconhecimento social é uma armadilha que nos mantém presos em comportamentos superficiais e materialistas, afastando-nos de uma vida autêntica, significativa, consciente.

A tendência de seguir a maioria é visível no fenômeno social de querer fazer parte do grupo, mesmo que isso signifique contrariar os próprios princípios.

A conduta gregária não se limita apenas aos jogos esportivos, às manifestações populares, às religiões, aos grupos esotéricos, gnósticos, seitas ou tribos urbanas, mas permeia o dia a dia de maneira sutil e onipresente. Ela se manifesta na moda, nos comportamentos mecânicos e condicionados, no ato de fazer algo simplesmente porque todos estão fazendo.

Um exemplo dessa conduta pode ser visto quando um indivíduo começa a usar barba, logo muitos ao seu redor fazem o mesmo; quando alguém adota um novo estilo de bota, rapidamente outros seguem a tendência.

Outro exemplo de conduta gregária pode ser observado no consumo. Muitas pessoas compram produtos que não gostam ou não precisam, simplesmente porque a maioria das pessoas está comprando, influenciadas por campanhas de marketing e comunicação.

Ir contra as influências coletivas, culturais, sociais, ainda é ser vítima delas. A revolta e a luta contra algo indica que continuamos identificados, continuamos no mesmo nível.

O autoconhecimento, compreender nossos próprios pensamentos, sentimentos, motivações, é essencial para escaparmos das pressões sociais, das influências coletivas, dos condicionamentos, das condutas gregárias.

O processo de autoconhecimento envolve estarmos atentos, presentes, questionando e observando criticamente. Somente a percepção de nossos condicionamentos pode nos libertar. A meditação é uma ferramenta fundamental para alcançarmos a independência psicológica, a liberdade interior.

Por Fabio Balota e Natalino Sampaio