A Passagem pelas Adversidades da Vida
Aos meus Irmãos de Caminhada…
O avanço dentro do caminho espiritual, que um dia optamos por trilhar, depende, única e exclusivamente de nós mesmos, pois, como todos nós sabemos, este “caminho” é feito, como costumamos afirmar “caminhando” … Pé a pé… Passo a passo… Não devemos esperar que alguém faça isso por nós, ou que esse caminhar nos seja facilitado…
É certo que iremos receber toda a ajuda necessária e possível, mas isto depende inteiramente do que somos, de nossa capacidade de receber, de quanto podemos responder, o que podemos fazer pelo trabalho e pelo mundo e o que podemos fazer a nosso respeito, pois o auxílio, a ajuda que chega até cada um de nós, depende de nossa “envergadura psicológica”, de nossa estrutura espiritual… Enfim, para sermos auxiliados, temos que apresentar condições para que isso ocorra, caso contrário nada poderá nos ser ofertado, ou então, apenas algo muito pequeno, limitado… Por isso jamais devemos “reclamar”, cobrando por acreditar não recebermos nada que possa auxiliar-nos nesta jornada. Ao contrário, observemo-nos a nós mesmos…
Lembremos que ao dar início à esta jornada, nos foi ofertado uma chance de nos colocar sob o olhar imparcial da Lei. O que ganhamos até agora é o direito de sermos observados, testados e avaliados, diante daquilo que cada um apresenta.
A imparcialidade desta “balança” ocorre, dia a dia, ano a ano, vida a vida, e, por que não, minuto a minuto. “Deus trabalha em instantes”, diz um antigo provérbio francês, e isso é a mais pura verdade, principalmente na vida daqueles que percorrem por este caminho, onde “o motivo escondido é o que conta”.
Existe uma “lei oculta” de que o avanço pelo caminho espiritual é acompanhado por provação, adversidades, tensão e estresse. Podemos ser colocados à mercê das adversidades, tentação, tensão, fadiga física, problemas de saúde e financeiros, dor, frustação, aparente catástrofe, opressão e tratamento ofensivo e caluniosos em inúmeras situações. E é nessas ocorrências que a ”coroa de espinhos da solidão e a lança do ódio, ciúme e condenação injusta são lançadas sobre nós e somos crucificados”.
“A aridez espiritual e as noites escuras da alma nos cercam. Além disso, aqueles que nos são mais próximos e queridos sofrem e nossos corações são rasgados por causa deles. Sentimo-nos impotentes. Às vezes é uma angústia insuportável.” É deste modo que demonstramos que “só os fortes sobrevivem”; e não se trata de sermos “fortes” fisicamente falando, e sim, forte de espírito, de Fé…
Como essas adversidades, essas experiências devem ser recebidas e a serenidade alcançada?
Primeiro pela compreensão e reconhecimento de que essas são as tempestades que proporcionam o despertar do Cristo em nosso Íntimo. Fica muito claro que estas provações nada mais são do que a própria Cruz que um dia o Mestre Jesus carregou e que todos aqueles desejam segui-Lo, também terão que fazê-lo. Afinal, não foi Ele quem nos mostrou o que fazer? “Pegue sua Cruz e siga-Me” …
Nestas horas, nosso “Karma é precipitado, débitos são pagos, a alma é provada no fogo e pesada na balança. Tudo dentro de nós deve ser trazido à tona, conhecido e visto, o bem e o mal.”
É bom saber e valorizar isto, pois essas tribulações probatórias, são bons sinais. “Eles indicam que o progresso está sendo feito, que o passo é real e que a pessoa está em treinamento. Nossas próprias ações e as reações que elas provocam são nossos verdadeiros professores…”. Aprendemos com elas e com nossas reações, sejam elas quais forem…
E como devemos agir diante dessas provas?
A resignação, fundamentada na compreensão, sobre aquele momento no qual estamos vivenciando, é a chave para a passagem bem-sucedida pelas adversidades. “A Justiça e a beneficência da experiência devem ser reconhecidas.”
A resistência, a rebeldia e a negação, apenas irão complicar e atrasar o “equilíbrio dos pratos da balança no fio da navalha do julgamento imparcial sob a lei kármica”. Renunciemos ao “si mesmo” ou pratiquemos o aceite mentalmente, de forma inteligente. Aquietemo-nos interiormente e em paz… Atentos a tudo o que ocorre, sempre praticando a auto-observação, refletindo a respeito de tudo… “Devemos estar prontos para toda a experiência” … Afinal, fomos nós mesmos que, um dia, resolvemos trilhar por este caminho.
É nosso “ego” quem sofre… O “eu”, o “mim mesmo”, como nos diz Mestre Samael… É ele que se sente traído, humilhado, que se rebela e não aceita aquilo que está diante de seus olhos: Estamos sendo testados! A todo momento, a todo instante…
Ao deixarmos de lado a ação deste “eu”, então a dor, o sofrimento, a não-aceitação, não nos “causarão nem um momento de tristeza pessoal”, pois ao assim fazê-lo experimentamos a alegria de quem “encontrou o caminho para a Paz”.
“Rendição é a única garantia de serenidade”. E aqui não se trata de uma “derrota ou de perda” e sim de “se entregar”, de se colocar nas mãos Daquele que nos chama, que nos estende a própria mão. E aí iremos nos lembrar de uma outra fala de Jesus, diante da maior de suas atribulações, quando disse: “Que se faça a Tua vontade e não a minha…”.
Somente agindo deste modo é que iremos descobrir, um dia, diante do Fio da Balança, que nossos corações “quando colocados na balança, pesarão menos do que uma pena” … E sim, estamos trilhando o Caminho Espiritual…
O Caminho da Luz!
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Por Natalino Sampaio