A Ciência da Meditação
Vamos falar um pouco sobre a Ciência da Meditação. Antes de tudo, devemos estar positivamente preparados para receber esses ensinamentos de um tipo superior, a fim de aproveitar ao máximo o tempo. Chegou a hora de entender a necessidade de dar mais oportunidades à Consciência. Normalmente vivemos, tanto em um andar de nosso templo interior como em outro.
Há pessoas que vivem sempre nos andares mais baixos, que são aquelas que se concentram exclusivamente no instinto e na fornicação, ou seja, no quarto e quinto andares, centro do instinto e centro sexual, nos quarto e quinto pisos. Pisos usados der forma negativa. Há outros que moram no terceiro piso ou centro motor e não saem de lá, andam sempre dentro dos moldes de certos costumes, dentro da pista de certos hábitos e nunca mudam, como o trem que anda sempre nos mesmos trilhos paralelos. Essas pessoas que vivem neste piso estão tão acostumadas com seus hábitos que não estão dispostas a deixá-los.
Há os que vivem no primeiro piso, que é o centro intelectual, e outros normalmente vivem no segundo piso, o das emoções inferiores. Quem vive no centro intelectual quer transformar tudo em racionalismo, análise, conceitos, discussões, e não sai daí.
Há outros que vivem exclusivamente no centro das emoções, dedicados aos vícios do cinema, touradas, brigas de galos, corridas de cavalos, corridas de automóveis; em suma, esse é o seu mundo pequeno e estreito, vivendo trancado na escravidão das emoções negativas e nunca lhes ocorre escapar delas.
É necessário, portanto, insistir no aspecto de dar mais oportunidade à Consciência.
Existem também diferentes tipos de sonhos; há sonhos intelectuais, há também sonhos emocionais, há também sonhos que pertencem ao centro motor e sonhos sexuais ou que estão exclusivamente relacionados às atividades sexuais. Esses sonhos refletem situações vivenciadas durante o dia, são a repetição das atividades diárias; se a pessoa vive no chão das emoções, seus sonhos refletem situações de terror, de loucura; se você vive no chão sexual, seus sonhos serão luxuriosos, de adultério, fornicação, masturbação, etc.
Se os sonhos pertencem ao centro instintivo, então os reflexos se manifestam em sonhos tão incoerentes, tão submersos, que se torna muito difícil entender esses sonhos.
Cada um dos cinco centros da máquina humana produz certos sonhos. Em nome da verdade temos que dizer que somente os sonhos que correspondem ao Centro Emocional Superior, ou seja, o sexto centro, são dignos de serem levados em consideração. O mesmo acontece com os aspectos positivos do sétimo centro ou Centro Mental Superior.
Os sonhos dos diferentes centros inferiores da máquina humana não têm importância, sejam motores ou emocionais, sexuais, instintivos ou intelectuais. Precisamos saber apreciar e distinguir qual centro corresponde a este ou aquele sonho, isso só é possível conhecendo as atividades de cada um dos cinco cilindros da máquina humana.
Os sonhos relacionados ao Centro Emocional Superior são os mais importantes porque neles encontramos dramas devidamente organizados, de acordo com as atividades diárias de nossa Consciência, se lhe dermos oportunidade de trabalhar.
O que acontece é que o Raio da Criação, do qual emanamos, constrói tudo através desse Centro Emocional Superior, ou seja, se manifestam as diversas partes superiores do nosso Ser relacionadas ao Raio da Criação. Eles usam o Centro Emocional Superior para nos instruir durante as horas de sono, então são apresentadas cenas bem organizadas, claras e precisas. O objetivo é fazer-nos entender claramente o estado em que nos encontramos, nos fazer ver nossos erros, nossos defeitos, etc., etc. É claro que a linguagem do Centro Emocional Superior é simbólica, alegórica e corresponde mais à Cabala hermética, à hermenêutica, etc. Inquestionavelmente, é através deste centro que qualquer pessoa dedicada aos estudos esotéricos pode receber informações corretas e precisas.
Já lhes ensinamos que se deve deitar sempre com a cabeça voltada para o norte, em decúbito dorsal, ou seja, de bruços e com o corpo relaxado, suplicando à Divina Mãe Kundalini que nos dê instruções esotéricas. Também ensinamos que há necessidade de se deitar do lado direito na posição da figura do leão e uma vez que o discípulo acorda, ele não deve se mexer e, sim, fazer um exercício retrospectivo para lembrar suas experiências durante o sono, até registrar corretamente em seu cérebro e memória.
Mas é preciso esclarecer que nem todos os sonhos são importantes, os sonhos sexuais, por exemplo, pornográficos, eróticos, com poluções noturnas etc.; são sonhos de natureza totalmente inferior. Não queremos com isso de forma alguma desdenhar o centro sexual, não… Estamos longe desse propósito. No sexo se encontra o maior poder que pode libertar o homem da dor humana, mas também o pior poder que pode escravizar o homem.
Quanto ao sonho instintivo motor, também não vale a pena, pois como já dissemos, apenas reflete as atividades do dia, assim como os sonhos relacionados ao centro emocional inferior… são passionais, brutais, também não têm a menor importância.
Os sonhos intelectuais nada mais são do que simples projeções que não vale a pena levar em conta. Os únicos sonhos que valem a pena considerar seriamente são aqueles relacionados ao Centro Emocional Superior, mas isso deve ser entendido para evitar erros infelizes. É preciso saber interpretar as mensagens puramente alegóricas que recebemos do Centro Emocional Superior. São ensinamentos dados pelos Irmãos Superiores da Fraternidade Branca ou pelas partes superiores do nosso Ser.
Isso nos faz ver a necessidade urgente que temos de compreender o significado profundo de todo esse simbolismo; que devemos saber traduzi-lo precisamente de acordo com nosso desenvolvimento interior.
No entanto, depois de fazer esses esclarecimentos sobre o sonho, devo dizer que precisamos urgentemente ir além do mundo dos sonhos; despertar nos mundos internos ou mundos superiores, mas isso só é possível dando maiores oportunidades à Consciência.
Normalmente, a mente vive agindo e reagindo permanentemente de acordo com os impactos do mundo exterior; compare isso com o caso de um lago no qual jogamos uma pedra. Veremos como isso produz muitas ondas que vão do centro à periferia; é a reação da água contra o impacto vindo do mundo exterior.
Algo análogo acontece com a mente e os sentimentos. Se alguém nos fere com palavras duras, esse impacto da palavra dura atinge o centro intelectual ou centro do pensamento e a partir daí reagimos com violência. Se alguém ofende nossa auto-estima, ficamos chateados e possivelmente reagimos com brutalidade.
Em todas as circunstâncias da vida, a mente e o sentimento participam ativamente e reagem incessantemente. O interessante seria, meus queridos discípulos, não dar oportunidades ao sentimento nem à mente. Uma mente passiva é urgentemente necessária e isso naturalmente incomoda os mentalistas em todos os lugares. A mente passiva é contra todos aqueles que dizem que o poder está na mente e que o homem deve ser o rei, aquele que comanda e aquele que domina com sua mente poderosa. São sofismas dos mentalistas como aquele que diz: “Quem aprende a comandar a mente tem tanta certeza da vitória quanto a flecha do velho arqueiro”. Afinal, nada mais são do que sofismas extraídos de fantasias intelectuais que não têm valor esotérico algum.
Pensar negativo, isso horroriza os positivistas da mente e, no entanto, a forma negativa da mente é a mais eloquente. Não pensar é a forma mais elevada de pensar.
Quando o processo de pensamento se esgota, o novo vem; isso deve ser entendido.
Uma mente que não projeta, uma mente passiva colocada a serviço do Ser, é um instrumento eficiente, porque a mente é feita para ser receptiva, para servir como instrumento passivo, e não como instrumento ativo.
A própria mente é feminina, e todos os centros devem marchar harmoniosamente de acordo com a sinfonia universal da serenidade passiva. Nessas condições, não devemos permitir que a mente ou os sentimentos participem das várias circunstâncias de nossa existência, através de reações e projeções.
Até recentemente, eu mesmo pensava que os sentimentos pertenciam ao Ser, mas com pesquisa e experiência, vim a verificar que pertencem ao Ego e que estão intimamente relacionados com o centro emocional inferior.
A terapia que precisamos conhecer a fundo para evitar qualquer desequilíbrio interno com repercussão externa, é a de não permitir à mente nenhum tipo de reação. Se alguém nos ferir, não permita que a mente reaja. Eu gostaria que houvesse alguém que ferisse nossos sentimentos todas as vezes para que pudéssemos treinar muito melhor. Quanto mais nos insultarem, melhor para nosso treinamento, pois teremos muitas oportunidades de não permitir que a mente ou os sentimentos reajam, ou seja, não intervir ou interferir em nenhuma das circunstâncias de nossas vidas.
É claro que o estado passivo da mente, do sentimento e da personalidade, exige uma tremenda atividade da Consciência. Isso nos diz que quanto mais ativa a Consciência permanecer, melhor será seu despertar, pois desta forma a Consciência inevitavelmente terá que despertar enquanto estiver em atividade permanente.
Sakyamuni vem à minha memória neste instante. Em certa ocasião, o grande Buda estava sentado ao pé de uma árvore em profunda meditação, quando veio um insultador, jogou toda a sua baba difamatória contra o Buda, tentando feri-lo tremendamente com a palavra. O Buda continuou a meditar, mas o insultador continuou a provocar, insultar, ferir.
Muito tempo depois, o Buda abriu os olhos e perguntou ao insultador: “Ó meu irmão, se eles lhe trouxerem um presente e você não aceitar o presente, de quem será o presente?”
O insultador respondeu: “Bem, meu, claro.”
Então o Buda disse a ele: “Meu irmão, pegue seu presente, não posso aceitá-lo.”
E continuou meditando.
Aqui está uma lição tão sublime e bela. O Buda não permitiu que sua mente ou sentimentos reagissem, porque o Buda vivia totalmente desperto dentro de sua própria Consciência e não deu à mente ou aos sentimentos a menor oportunidade de reagir a qualquer momento ou sob quaisquer circunstâncias. É assim que devemos proceder, queridos discípulos.
Temos escola, um ginásio psicológico, em todos os lugares, basta saber aproveitá-lo, saber nos treinar, dando maiores e melhores oportunidades à Consciência para que ela funcione continuamente, momento a momento, até o pleno despertar. Temos escola em todos os lugares, basta saber aproveitá-la de maneira adequada, com sabedoria; temos em nossa casa, no escritório, na oficina, na fábrica, na empresa, na rua e em todos os lugares; mesmo no templo, com colegas estudantes, com os filhos, com os pais, com a esposa, sobrinhos, netos, primos, parentes, amigos, etc., etc.
Qualquer ginásio psicológico, por mais difícil que seja, por mais duro que nos pareça, é essencial para nós. Todo o segredo está em não permitir que os sentimentos ou a mente interfiram nos assuntos práticos de nossas vidas.
Devemos sempre permitir que a Consciência seja aquela que age, aquela que comanda, aquela que trabalha, aquela que fala, faz e executa todas as nossas atividades diárias. Assim nos preparamos harmoniosamente para a meditação.
Falando agora já no campo prático da meditação, temos que dizer que o que buscamos é, justamente, passar além da mente e dos sentimentos, e isso só é possível se na vida prática treinamos intensamente e nos preparamos na vida diária para esses propósitos maravilhosos. Essa coisa da meditação se torna difícil quando, na vida prática diária, não passamos por um treinamento rigoroso, quando não treinamos adequadamente no ginásio psicológico da vida social e familiar do nosso cotidiano.
Devemos, durante a meditação, desengarrafar a Essência, o buddhata, o melhor que temos dentro, o mais digno, o mais decente. É precisamente esta essência ou buddhata, que se encontra engarrafada entre os elementos inumanos, entre aquele composto de agregados psicológicos que constituem o “eu”, o “si mesmo”, o Ego.
Não seria possível experimentar o Real, a Verdade, que certamente nos interessa a todos, se não pudéssemos extrair a Essência do Ego. Uma Essência engarrafada no Ego não pode experimentar o Real. Você sempre terá que viver no mundo dos sonhos, no centro intelectual, no centro instintivo, no centro emocional, no centro motor ou no centro sexual, e nunca poderá escapar de forma alguma para experimentar a verdade.
O Grande Kabir, Jesus, disse: “Conhecei a Verdade e ela te libertará”. A Verdade não é uma questão de teorias, não é acreditar ou não acreditar, não é uma questão de conceitos e opiniões. Nenhuma conclusão pode ser feita sobre a Verdade. Mas, o que é uma opinião? É a projeção de um conceito com a dúvida e o medo de que a Verdade seja outra coisa. Mas o que é um conceito? Simplesmente um raciocínio elaborado e devidamente projetado pela mente, que pode ou não coincidir com esta ou aquela coisa.
Mas, podemos assegurar que um conceito ou uma opinião emitida pelo intelecto, é precisamente a Verdade? Não. Então, o que é uma ideia? Uma ideia pode ser magnífica! Por exemplo: podemos formar uma ideia sobre o Sol; estas podem ser mais ou menos exatas, mais ou menos equivocadas, mas, não seriam o Sol. Assim, também podemos formar múltiplas ideias sobre a Verdade, mas não serão a Verdade.
Quando Jesus, o Cristo, foi questionado sobre o que é a Verdade, ele ficou em silêncio. Quando a mesma pergunta foi feita ao Buda Gautama Sakyamuni, ele virou as costas e se retirou. É que a Verdade não pode ser definida com palavras, nem um pôr do sol. Qualquer um pode ter um grande êxtase quando o Sol está prestes a se esconder entre os esplendores de ouro da serra e tentar comunicar essa experiência mística a outros, mas é provável que aquele outro senhor não sinta o mesmo.
Assim também a Verdade é incomunicável, só é real para quem a experimenta por si mesmo.
Quando conseguimos, na ausência do Ego, experimentar a Verdade, podemos evidenciar um elemento que transforma radicalmente. Este é um elemento de tensão muito alta; isso é possível, mas você tem que saber como conseguir isso, que é colocando a Consciência para trabalhar, para que ela substitua completamente a mente e o sentimento; que seja ela quem trabalhe, um Consciência encarnada, integrada dentro de nós.
Devemos ter uma mente passiva, um sentimento passivo, uma personalidade passiva, porém, com uma Consciência totalmente ativa. Compreender isso é essencial, é urgente, para nos tornarmos prático na meditação.
Com a técnica da meditação, o que buscamos é informação. Um microscópio pode nos informar sobre a vida de micróbios, bactérias, células, microorganismos, etc. Um telescópio pode nos dar uma pequena informação sobre os corpos celestes, planetas, meteoritos, estrelas, etc. Porém, a meditação vai muito além, porque ela nos permite conhecer a Verdade desde uma formiga até um Sol, a Verdade de um átomo ou uma constelação.
O mais importante é aprender, saber de que maneira devemos separar, tirar a Consciência de dentro a mente e do Ego; como vamos extrair a Consciência do sentimento. Quando subjugamos a mente e o sentimento, obviamente estamos quebrando correntes, estamos saindo daquela masmorra fatal, daquela prisão. Nestas condições estaremos nos preparando para a meditação.
Em primeiro lugar, o mais importante é saber meditar. Você tem que aprender a técnica correta. No mundo oriental muita ênfase é colocada nas posições padmasana, de pernas cruzadas, mas não somos orientais e podemos meditar de acordo com os nossos costumes e maneiras. Contudo, nem todos os orientais meditam de pernas cruzadas… De qualquer forma, cada um deve adotar a posição que melhor lhe convier. Quem quiser meditar com as pernas cruzadas, pois que o faça, não vamos proibi-lo, embora não seja o único asana prática para a meditação.
Para uma meditação correta, também podemos sentar em uma poltrona confortável com os braços e pernas muito relaxados, o corpo em geral muito relaxado, para que nenhum músculo fique tenso.
Haverá também quem queira tomar a posição flamejante da estrela de cinco pontas: os dois braços abertos para os lados e as pernas, também abertas para os lados, deitados de costas no chão ou na cama com a cabeça para o Norte. Em suma, cada um pode tomar a figura ou a posição que quiser ou a que melhor lhe convier.
Se é que realmente queremos remover nossa Consciência, ou Essência, de dentro da mente, ou de dentro dos sentimentos, ou de dentro do “eu” psicológico, então a posição que tomamos não importa, não. A única coisa interessante é saber meditar, não importa o que mais.
Qualquer um pode assumir uma posição oriental se quiser, alguém quer assumir uma posição ocidental, porque pode fazê-lo, alguém quer assumir qualquer outra posição que lhe pareça melhor, porque pode fazê-lo. O importante é que você esteja confortável e que consiga fazer uma boa meditação.
Cada um é cada um e a única coisa que você precisa fazer é encontrar a posição mais confortável sem aderir a nenhuma regra ou padrão de asana ou sistema. É muito conveniente, sim, relaxar o corpo; isso é essencial em qualquer posição, para que o corpo fique confortável, isso é óbvio.
Muitas vezes eu lhes expliquei como trabalhar com o mantram HAM SAH, que se pronuncia assim: ” Jam-saj “, este mantram é o símbolo maravilhoso que no Oriente torna as águas caóticas da vida, o Terceiro Logos, férteis.
O importante, então, queridos discípulos, é saber como vamos vocalizar esses mantras, quais são seus poderes. Normalmente, as forças sexuais fluem de dentro para fora de forma centrífuga e por isso existem as poluções noturnas quando você tem um sonho baseado no centro sexual.
Se o homem organizasse seus sistemas vitais e ao invés de propiciar o sistema centrífugo, utilizasse o sistema centrípeto, ou seja, que o homem fizesse fluir as forças sexuais de fora para dentro por meio da transmutação; ainda que houvesse o sonho erótico, não haveria poluição, mas como o homem não tem a matéria sexual organizada dessa forma centrípeta, então vem de fato a polução, a perda do esperma sagrado ou licor espermático.
Para evitar a polução, é preciso saber organizar as forças sexuais, que estão intimamente relacionadas ao alento, ao prana, à vida, isso é óbvio. Há, portanto, uma intensa e profunda relação entre as forças sexuais e a respiração, que, devidamente combinadas e harmonizadas, provocam mudanças fundamentais na anatomia física e psicológica do homem.
O importante é fazer com que essas forças sexuais fluam para dentro e para cima de forma centrípeta, pois, só assim é possível fazer uma mudança específica no ofício e nas funções que a força criadora sexual pode cumprir. Há necessidade de se imaginar a energia criadora em ação durante a meditação, para fazê-la subir de forma rítmica e natural ao cérebro através da vocalização do mantra HAM SAH, nesta prática de meditação, não esquecendo as inspirações e expirações do ar de forma sincronizada em perfeita concentração, harmonia e ritmo.
É necessário esclarecer que a inspiração deve ser mais profunda que a expiração, simplesmente porque precisamos fazer a energia criativa fluir de fora para dentro, ou seja, fazer a expiração mais curta que a inspiração. Com esta prática vem o momento em que a totalidade da energia flui de fora para dentro e para cima, desta forma centrípeta. A energia criativa organizada, como já dissemos, de forma centrípeta, cada vez mais profunda de fora para dentro, é claro que se torna um instrumento extraordinário para a Essência, para despertar a Consciência.
Estou lhe ensinando o legítimo Tantrismo Branco, esta é a prática usada pelas escolas tântricas do Himalaia e do Hindustão, é a prática através da qual você pode alcançar o êxtase, o samadhi ou o que você quiser chamar.
Os olhos devem estar fechados durante a prática, absolutamente nada deve ser pensado durante esta meditação; mas se, infelizmente, um desejo vem à mente, o melhor que podemos fazer é estudá-lo sem nos identificarmos com esse desejo, depois de tê-lo compreendido intimamente, profundamente em todas as suas partes, então deixá-lo pronto para matá-lo, para se desintegrar através da desintegração da Lança de Eros.
Mas se somos assaltados pela lembrança de algum evento de raiva, o que devemos fazer? Suspenda a meditação por um momento e tente entender o evento que chegou ao nosso entendimento, vamos dissecá-lo, estudá-lo e desintegrá-lo com o bisturi da autocrítica e depois vamos esquecê-lo e continuar com a meditação e a respiração.
Se de repente vem à mente uma lembrança de algum evento de nossa vida de dez ou vinte anos atrás, façamos o mesmo uso da autocrítica e usemos o mesmo bisturi para desintegrar essa memória, para ver o que há de verdade nela. Uma vez que tenhamos certeza de que nada mais vem à mente, então continuamos com a respiração e a meditação sem pensar em nada, ressoando suavemente o mantra HAM-SAH como soa, prolongando a inspiração e encurtando a expiração.
Repetimos o mantram: HAAAAAMMMMM – SAH, com profunda quietude e autêntico silêncio da mente. Só assim, a Essência poderá escapar mesmo por um momento, submergir-se no Real.
Muito se tem falado sobre o Vazio Iluminador, e é claro que podemos vivenciá-lo por nós mesmos. É nesse Vazio que iremos encontrar as leis da natureza, como são em si mesmas e não como aparentemente se mostram. Neste mundo físico vemos apenas a mecânica de causas e efeitos, mas não conhecemos as leis da natureza em si, enquanto no Vazio Iluminador podemos reconhecê-las de forma natural, simples, tal como são.
Neste mundo físico podemos perceber figuras planas, do lado de fora…, mas, como podemos vê-las como são, por dentro, pelas laterais, etc.? No Vazio Iluminador podemos conhecer a Verdade como ela é e não como nos parece. Podemos evidenciar a Verdade de uma formiga, de um mundo, de um Sol, de um cometa, etc. A Essência submersa no Vazio Iluminador percebe com seu sentido espacial, tudo o que foi, o que é e o que será e suas irradiações atingem a personalidade, e assim, a mente as percebe.
É interessante que enquanto a Essência está submersa ali no Vazio Iluminador vivenciando o Real, os centros da máquina humana, emocional e motor se integram com o intelectual, e a mente receptiva capta e recolhe a informação que vem da Essência. Por isso, quando a Essência sai do Vazio Iluminador e volta a entrar na personalidade, a informação não se perde, fica acumulada no centro intelectual.
Disseram-nos que para formar um vazio é indispensável uma bomba de sucção, e a temos em nossa coluna vertebral: os canais Idá e Pingala por onde a energia criadora sobe ao cérebro. Também nos foi dito que é necessário um dínamo, e este está no cérebro e na força da vontade. E é óbvio que em toda técnica deve haver um gerador, e felizmente, tal gerador são os órgãos criativos, o sexo, a força sexual.
Tendo o sistema e os elementos, podemos formar o Vazio Iluminador. A bomba, o dínamo e o gerador são os elementos de que necessitamos para alcançar tal Vazio Iluminador na meditação e somente através do Vazio Iluminador podemos conhecer o Real, mas precisamos da Essência para penetrar nesse Vazio absoluto.
Nos textos antigos muito se fala sobre o Onipresente, Onipenetrante, Onisciente Santo Okidanock, que emana naturalmente do Sagrado Absoluto Solar. Como podemos conhecer o Santo Okidanock em si mesmo se não podemos entrar no Vazio Iluminador? Bem, sabe-se que o Santo Okidanock está dentro do Vazio Iluminador; é um com o grande Vazio.
Quando se está em êxtase, passa-se além da personalidade. Quando se está no Vazio Iluminador experimentando a realidade do Santo Okidanock, é o átomo, o cometa que passa, é o Sol, o pássaro que voa, é a folha, é a água… Vive em tudo o que existe! Basta ter coragem para não perder o êxtase, porque quando se sente que se está diluído em tudo e se é tudo, sente-se medo do aniquilamento. Pensa-se: onde estou? Então, o raciocínio e, de fato, perdemos o êxtase e imediatamente voltamos, encerrados novamente na personalidade; mas se alguém tem coragem, não perde o êxtase.
Alguém, nesse momento é como uma gota que submerge no oceano, mas é preciso também levar em conta que o oceano submerge dentro da gota. Isso de sentir-se como o passarinho que voa, a floresta profunda, a pétala da flor, a criança que brinca, a borboleta, o elefante, etc., que traz consigo raciocínio e medo. Nesse momento não se é nada, mas também, se é tudo, porque isso produz o terror e, consequentemente, o experimento da meditação fracassa.
É, pois, no Sagrado Sol Absoluto que a Verdade vem a ser conhecida; no Sagrado Sol Absoluto não há tempo, ali não existe o fator tempo, ali o Universo é unificado e os fenômenos da natureza ocorrem fora do tempo. No Sagrado Sol Absoluto podemos viver em um instante eterno.
Lá se vive além do bem e do mal tornando-se criaturas radiantes. Por isso, quando alguém experimenta a Verdade, não pode ser como os outros, que vivem apenas de crenças, não… ali experimenta-se a imperiosa e urgente necessidade de trabalhar a autorrealização íntima do Ser aqui e agora.
Uma coisa é experimentar ou vivenciar o Vazio Iluminador e outra é nos autorrealizar intimamente. Por isso é preciso saber meditar, de aprender a meditar. É urgente compreender a meditação. Espero que compreendam isso, que se exercitem na meditação, para que um dia possam desengarrafar a Essência e experimentar a Verdade.
Aquele que conseguir desengarrafar a Essência e colocá-la dentro do Vazio Iluminador, terá que ser diferente, não poderá ser como os outros. Para isso deve-se seguir um curso especial, a pessoa será diferente e disposta a lutar ao máximo com o único propósito de realizar o Vazio Iluminador, dentro de nós mesmos aqui e agora.
No Oriente, quando um discípulo alcança essas maravilhosas experiências de vivenciar a Verdade e vai informar seu Guru, o Guru o golpeia forte com as mãos, é claro que se o discípulo não organizou a mente, bem, ele reagirá contra o Guru, certo? Mas esses discípulos já estão muito bem treinados, e o Guru age assim para e testar o discípulo e para ver como ele vai na morte de seus defeitos.
Espero que tenham compreendido bem o que é realmente a Ciência da Meditação, para praticá-la intensamente em suas casas e nos templos de oração.
Por Samael Aun Weor
Traduzido por Natalino Sampaio