A Chave SOL
A chave para a verdadeira transformação reside na prática constante da divisão da atenção. Este processo exige que nos mantenhamos atentos, conscientes simultaneamente de alguns aspectos fundamentais como: o sujeito, o objeto e o lugar. Isso é a chave SOL. Isso é atenção plena.
Primeiramente, começando pelo sujeito, devemos dirigir nossa atenção para nós mesmos, vigiando a nós mesmos a cada instante. O que implica em estarmos alertas em relação aos nossos pensamentos, ações, emoções e palavras.
Em seguida, é importante observarmos minuciosamente todos os objetos e estímulos sensoriais que nos cercam, sem nos identificarmos com eles, evitando assim a fascinação e o engano da mente.
Por último, devemos dedicar atenção especial ao lugar onde estamos, ao contexto em que estamos inseridos, questionando regularmente nossa presença ali, onde estamos, como chegamos nesse local, o que está acontecendo.
Essa divisão da atenção não é um exercício isolado, mas sim parte integrante do processo de despertar da consciência, de autoconhecimento, de purificação do coração e da mente. Ao nos estudarmos e nos observarmos, somos capazes de descobrir nossas virtudes e defeitos, nossas fortalezas e fraquezas, nossos condicionamentos e limitações, nossas ilusões e identificações.
Não se trata apenas de observar nossos movimentos físicos, mas sim de realizar um estudo profundo e silencioso de nossos processos internos: nossas emoções, paixões, desejos, carências, estados, sentimentos, pensamentos, conceitos, opiniões, palavras. Quando nos observarmos de forma isenta, imparcial, com certo distanciamento, aos poucos podemos compreender melhor os mecanismos do apego, do desejo, da identificação.
A prática da observação dos lugares nos revela até que ponto estamos identificados com diferentes ambientes, circunstâncias, situações, o quanto estamos fascinados, o quanto somos mecânicos, reativos. A prática da observação dos lugares nos revela que desejos e repulsas surgem em cada lugar, em cada contexto.
A chave SOL é um exercício para o despertar da consciência e para o desenvolvimento do autoconhecimento, é um exercício que nos torna mais reflexivos, investigativos, atentos.
Cada momento é um encontro entre nós, os objetos e lugares. Cada encontro é um relacionamento. Cada encontro traz uma mudança. Cada mudança traz uma revelação. Aos poucos podemos compreender melhor nossos mecanismos internos, como cada estado surge, permanece e cessa. Aos poucos vamos aprendendo a abandonar estados negativos e prejudicais. Aos poucos vamos aprendendo a gerar e sustentar estados libertos, elevados.
Por Fabio Balota e Natalino Sampaio