O Selo Hermético
O comportamento comum das pessoas é se identificar com tudo, dar vazão a tudo que surge, a todos os desejos, todas as paixões. Quando surge qualquer pequena pressão ou tensão interna as pessoas buscam alguma fuga, alguma forma de alívio, de entorpecimento como bebidas, festas, divertimentos, distrações.
Quando nos identificamos, quando damos vazão para emoções negativas, para desejo fugazes, perdemos nossas energias. Quando falamos demais, quando falamos mecanicamente, perdemos nossas energias. Quando fazemos movimentos inconscientes, mecânicos, como tamborilar com os dedos, ficar balançando ou batendo os pés, perdemos nossas energias.
O selo hermético é a arte de preservar nossas energias. É uma decisão renovada a cada dia, é um voto, um compromisso consigo mesmo, com nosso próprio desenvolvimento. Ele exige disciplina, esforço, atenção, observação, vontade, foco, persistência, perseverança. É um treinamento da vontade.
O processo de autoconhecimento envolve muito esforço, autocontrole, superação, renúncia. Quando não damos vazão para alguma emoção negativa, algum desejo, surgem pressões e tensões internas. Quando surgem essas pressões e tensões precisamos ficar com elas e investigar dentro de nós. Isso pode nos levar a grandes autorrevelações, a insights valiosos.
Porém, se fugimos dessas pressões e tensões, se esquecemos de nós mesmos, de nossos propósitos, se buscamos algo para aliviar, para distrair e entorpecer, então desperdiçamos as energias, perdemos a oportunidade.
Quando realizamos estudos, práticas, rituais, recebemos influências e acumulamos energias que podem nos ajudar no processo de autoconhecimento, de despertar, de desenvolvimento espiritual. No entanto, se saímos dessas atividades e nos entregamos a distrações como bares, bebidas, jogos, festas, desperdiçamos essas energias. Isso é desvalorizar, é banalizar o sagrado. Se frequentemente dissipamos nossas energias, estagnamos no caminho.
Se verdadeiramente desejarmos avançar, veremos as práticas como meios para o avanço, então as valorizaremos e as amaremos. Isso é sacralizar as práticas.
É preciso aprender a discernir o que é útil do que é inútil, o que é benéfico do que é prejudicial, o que é importante do que é menos importante.
O selo hermético é o compromisso de lembrarmos nós mesmos, de nossos propósitos, é o compromisso de não nos identificarmos com as impressões e ilusões do mundo.
Por Fabio Balota e Natalino Sampaio