Fanatismo Gnóstico
Hoje em dia, as pessoas, do nada, levantam alguma “bandeira” e saem gritando, indagando, acusando, a tudo e a todos. Infelizmente este comportamento está ocorrendo em todas as áreas, em todos os lugares. E no meio gnóstico, não deixa de ser diferente… E aqui, neste meio, que deveria ser de serenidade, de trabalho sincero e contínuo, o que se vê é algo preocupante…
As pessoas levantam a bandeira da “Verdadeira Gnose” … aquela que o Mestre Samael vivenciou e nos trouxe lá pelos idos de 1950…
E assim, infelizmente, as pessoas caem e um fanatismo tal, que assusta…
Tenho visto e ouvido inúmeras pessoas, dizem que com o objetivo de “proteger e resgatar a gnose”, começam a, literalmente, “trocar os pés pelas mãos” …
E por que digo isto? Porque as pessoas, em sua grande maioria, passam a “defender” uma instituição, embora afirmem com toda a sua força, estarem defendendo aquilo que o Mestre Samael nos trouxe… Aquilo que a Gnose nos mostra… Na realidade estão se enganando…
Estão defendendo uma instituição… Possivelmente, uma da qual fazem, ou já fizeram parte… e aí passam a “bater de frente” com as demais…
Cheios de boas intenções, se equivocam logo no início, pois uma defesa ao Mestre Samael não se faz necessária, e sinceramente, acredito não sermos capazes de fazê-lo. Ele, Samael, sempre afirmou “não aceito elogios, adulações, aplausos e nem me interessa o desprezo dos rancorosos. Eu não sou mais porque me elogiam nem menos porque me criticam, porque sempre sou o que sou”.
Acredito que isto deixa muito claro, o posicionamento que devemos ter diante de pessoas, ou instituições, que se manifestem contrárias aquilo que o Mestre nos deixou… Não nos cabe comportarmo-nos como sendo “advogados” do Mestre…
Devemos sim, todo respeito e admiração pelo trabalho feito por ele, em benefício de toda a humanidade… em benefício de cada um de nós… Isto sim!
Quanto à possível “defesa da Gnose” … Tampouco Ela necessita desta defesa ou proteção… Como alguém já definiu, a Gnose é perene…Ela se adapta e se “desenvolve” com o tempo e com o passar deste mesmo tempo…
Isto se consegue à medida que passamos a vivenciar e experienciar aquilo que a Gnose nos oferece, e deste modo realizamos em nós mesmo a “nossa Gnose”, onde trabalhamos o nosso físico, o espiritual e o psíquico, em todos os seus aspectos.
A Gnose é uma sabedoria singular, que confere àquele que a estuda e a coloca em prática “dons”, capacidades em poder mudar sua própria vida, seu modo de viver, suas compreensões … E isto tudo se reflete em outras pessoas, em outras situações…
A Gnose nos concede estas “chaves” … e são elas que permitem que realizemos mudanças, sejam elas quais forem… modo de pensar, modo de agir e de sentir… mudamos no material e no espiritual… e assim passamos a percorrer por este, como nos dizia o próprio Mestre Samael, “fio da navalha” …
É este o “caminho” que um dia todo verdadeiro praticante desta Gnose, o gnóstico, um dia escolheu percorrer…
Não nos cabe ficarmos “presos”, “encapsulados” às instituições, às siglas, que por sua vez estão também fechadas àquilo que um dia, um grande Mestre Gnóstico, falou e orientou… Adotou-se que estas palavras, um dia pronunciadas, e que este ser, que um dia as pronunciou, são os únicos “donos desta verdade” …
Esta atitude tem sua verdade, mas não se pode ficar atrelada a ela exclusivamente, e acreditar que aqueles que realizam algo de “diferente daquilo que, um dia foi dito” esteja errado… Até porque o erro faz parte do aprendizado.
É de extrema importância que aprofundemos, avancemos além daquilo que o Mestre Samael nos deixou… Caso contrário, não avançamos neste caminho, e infelizmente, nos tornaremos aquilo que ele sempre combateu… Corremos o risco de tornar-nos um “papagaio de repetição” …
Não colocamos nada em prática e não experimentamos nada, mas sempre temos uma resposta na ponta da língua, retirada de uma de suas tantas obras, seja escrita ou falada…
Não nos cabe procurar desacreditar instituições gnósticas, por acharmos que estão indo contrários àquilo que o Mestre fez ou falou… Que estão afirmando que tal coisa é assim, quando, décadas atrás o Mestre afirmou outra coisa… Afinal, o que sabemos nós, fruto de nosso real trabalho e experiência própria? Se contestamos baseados somente naquilo que o Mestre disse, e se isso realmente for um equívoco da pessoa que afirma o contrário, acreditamos que isto terá “vida longa”? Ou estará fadado ao fracasso? Cabe aí o nosso trabalho de “advogado”?
Acredito que não… quando isto ocorre, e certamente ocorre muito, mais cedo ou mais tarde, a verdade vem à tona… e tudo se normaliza. A mentira, a deturpação, não tem vida longa… um dia finda.
Há uma necessidade, uma urgência em vivermos tudo isto, em experimentarmos tudo isto…
Uma urgência em realizarmos este trabalho, realizarmos a Gnose, em nossas vidas, em nosso dia a dia…
Temos sim, que vivenciar isto, pois, somente deste modo iremos avançar neste caminho… O caminho a ser percorrido, o caminho do meio, se faz “percorrendo-o”, cada um a seu modo e dentro de suas capacidades. Isto significa experimentar, vivenciar, errar e corrigir…
Isto é avançar, e só conseguiremos atingir este estado se, realmente dermos esse passo a mais, tendo as experiências e vivências daqueles que nos antecederam, como referência, como norte, e cada um de nós indo mais longe…
Deixemos os embates de lado…
A Gnose não necessita de “restauradores”, de novos “mestres”, ou daqueles “discípulos”, que afirmam uma fidelidade, mas que, infelizmente, somente são “fiéis” àquilo que um dia foi dito pelo Mestre, e se esquecem que a Gnose é “viva”…
Como já dito anteriormente, devemos experimentá-la, vivenciá-la, caso contrário os resultados e possíveis avanços não ocorrerão, pelo simples fato de não estarmos fazendo o que se tem que fazer. Quando assim procedemos estamos fadados ao fracasso, à perda tempo…
Tudo isto fica muito claro diante da resposta dada pelo Mestre Samael Aun Weor, diante do questionamento de um de seus discípulos, afirmando categoricamente: “Meu amigo, eu não sigo ninguém, nem quero que ninguém me siga; o que quero é que cada um siga a si próprio. O que quero é que cada um escute o seu próprio Íntimo, que cada qual se converta em líder de si mesmo, em chefe de si mesmo…”.
Com estas palavras, o Mestre externa aquilo que espera de cada um de nós… Temos que percorrer uma milha a mais a partir do ponto no qual o Mestre “parou”, e depois outra, e outra, e assim por diante…
As Instituições, as Escolas, são de grande importância e valia em nosso caminhar espiritual, isto é óbvio… Necessitamos ganhar tempo, conhecer as experiências, o “caminho das pedras”, que um dia nossos “irmãos mais velhos” já trilharam… Troca de aprendizados e experiências… de força e incentivo. Esta egrégora nos auxilia muito.
São nelas, as Instituições, as Escolas, onde damos os primeiros passos nesta nossa jornada. São nelas que somos forjados, onde nossas almas têm suas primeiras inquietudes saciadas…
Mas, o caminho é percorrido apenas por cada um de nós, e somente nós é que podemos fazer isso por nossa alma… Por isso, não percamos nosso precioso tempo… Ele é muito importante e não se pode desperdiçá-lo com “briguinhas”, por mais que se pareçam com grandes conflitos… Por mais que aparentem ser grandes batalhas.
Fiquemos atentos ao que nos rodeia, mas, mais ainda àquilo que se move internamente…
Por Natalino Sampaio